A 16º edição do Rolê de Ideia recebe Zamba Rap Clube, Dory de Oliveira e Cesar Hostil. Essa parceria resultou no single Quebrada que foi apresentado ao público no palco do Reação Hop Hop. Ficamos sabendo como se deu essa parceria, sobre o trampo de cada um e das experiências nas quais o Rap foi e é o ponto de encontro.
Samuel Porfirio: Hoje no Reação Hip Hop o Zamba Rap Clube, com lançamento do
single Quebrada com a rapaziada e a
dama Dory de Oliveira, e lançamento da música Gueto do Viegas. Tudo a ver! Como surgiu essa negociação de lançarem as músicas no mesmo lugar e
no mesmo dia e na mesma vibe?
Vinicius Preto (Zamba Rap Clube):
A Quebrada a gente já vem produzindo desde
janeiro, mais ou menos, até um pouco depois. A gente num rolê com a Dory:
“mano, a gente vai fazer uma música junto!”
e a Dory pra mim é quebrada, então tem que ter a Dory! A gente fez a música e o Digo até falou que iria
ter o Viegas e que ele iria lançar a música dele, a Gueto, então encaixou, perfeito! A música é: Vinicius Preto, Emerson Toco, Cesar Hostil e Dory de Oliveira que
ta ai pra falar um pouquinho também da participação dela.
Dory de Oliveira: Eu achei que
veio num momento propício, porque somos praticamente da mesma quebrada: AE. Carvalho
e Itaquera. Tudo ali do lado, Rua Taquari... Av. Imperador... Av. Pires do Rio.
Eles me chamaram e eu acompanho o trampo dos caras há milianos, quando eles me
chamaram eu falei: “Demorô!”. Nem pensei duas vezes. Junto com o mano Cesão que
me conhece desde os quinze anos de idade.
Eu escrevi a letra, os caras já curtiram pra caramba e deu nesse
resultado aí hoje. Todo mundo já sabendo cantar a letra na ponta da língua,
tentei falar um pouco do meu corre, falar de onde eu vivo, o respeito e
humildade. A av. Taquari que é pra ser lembrada, que graças a Deus eu sou a
referência ali mais forte no Rap. Falei do Erick Jay, que é o meu Dj, que é o
cara que está comigo desde os 16 anos de idade. Falei do Xis, que eu trabalhei
com ele.
Vinicius Preto (Zamba Rap Clube):
Eu fui no show do Xis no SESC que a Dory participou...
Dory de Oliveira: É muito style,
só pra você ver que é muita coisa, nego! Eu não quero trabalhar com idade...
(risos)
Vinicius Preto (Zamba Rap Clube):
a Dory trampava com o Xis, eu ia no Studio SP, Sesc Pompéia e a Dory sempre
estava e não tínhamos amizade. Antes de
eu ter o Zamba eu já era fã da Dory. Ai quando eu brinco com ela eu falo... Meu
sonho de cantar com a Dory foi disso aí.
Samuel Porfirio: É dahora, né, essa idéia de fã... É uma coisa
que o Rap antes perdeu muito, mas hoje a Dory canta as músicas do Xis assim como
eu canto e como até já dividimos o palco cantando o Xis.
Dory de Oliveira: Eu me senti super privilegiada, nego! Porque além
de sermos amigos, acompanho lá atrás e somos fãs. E foi com Engrenagem Urbana, quando
participei com vocês lá no Artevidadádiva e é com eles hoje, com o Zamba.
Isso que é gostoso, estar trazendo isso pra gente, somos amigos, nós somos fãs,
nós somos a mesma Leste, e eu fiquei
privilegiada.
Samuel Porfirio: A gente ficou muito tempo aí duro: “todo mundo
sangue bom, mas não sou fã!” Somos
artistas... Como confundisse ser artista com fama. E dentro desse separatismo
você é representante da Leste do Rap feminino e vem numa pegada bem
controvérsia, até numa parada do comportamento que não deve ser A, B e C... A
sua vertente é essa mais áspera, mais voraz, mais veloz. Como é que você
enxerga o Rap feminino hoje no Brasil?
Dory de Oliveira: É daí que vem o
diferencial. Essa liberdade que você teve de brincar comigo, que os meninos tem
de dizer: “Hey, Dory, seja mais feminina!”. Porque ser feminina? Eu quero ser
assim! Eu sou a Dede, eu sou a Dory, a Dory de Oliveira, Dory Erlene de
Oliveira, e sempre teve muito isso de ser feminina, até uma história que eu nem
gosto muito de comentar. Fui cantar
meses passados na avenida Pires do Rio com Causa P. que eu tenho um respeito e
uma admiração imensa e com quem eu faço um trabalho. E teve um cara que soou no
meu ouvido: “vai lá e canta igual homem!” Entendeu? Por que cantar igual homem?
Por que vestir aquela roupa igual homem? E igual você falou, eu sou a
representante feminina muito forte, não
só no Rap, mas na minha vida, mas como em tudo! Todo mundo sempre me conheceu.
Respeito, talento e humildade na Taquari desde 1985. E então sempre todo mundo
lembra: “É a Dory, é a Dede”. Não tem
essa de cantar igual homem, vai lá muda o seu jeito porque você está na mídia.
Já trabalhei com o Xis que é o Marcelo, com o DMN e entre outros caras. Estou
trabalhando com os caras e eles não palpitam sobre vestir uma outra roupa,
cantar de outro jeito, não mano! Eu brinco com os caras e isso que é gostoso,
esse é meu diferencial, a liberdade que vocês têm de brincar comigo. E muita
mina ainda segue isso como exemplo, como inspiração. Às vezes eu falo “Ah, como estou frustrada, vou parar...”, isso
por vários fatores que você está ligado. Mas ai me falam: “Não, não para não,
você é minha referência, aquela música tal mudou minha vida...” Não tem como
parar. Independente se ser mulher ou não eu sou uma representante
constantemente.
Samuel Porfirio: A partir do
momento que você está dentro do CD do DMN, por exemplo, já quebra qualquer
outra ideia, eu te vi em algumas participações com o Xis, mas conheci o seu
trabalho no fim naquela música com o DMN. Muita gente acha que não é nada, que
tem essa nova geração, e eu bato no peito o nome dos caras: Xis, DMN, Erick
Jay.
Vinicius Preto (Zamba Rap Clube):
Pois aqui nesse fundão da Leste é referência!
Samuel Porfirio: Nós temos que
não deixar morrer essas nossas referências e continuar sendo fã e ídolo também,
porque da mesma forma que a gente é fã dos caras existem fãs nossos aqui dependendo
da proporção do trabalho. Voltando pro Zamba Rap Clube, como vocês enxergam um
evento como o esse aqui, de segunda feira, pra lançar uma música? Como que é
essa vibe?
Emerson Toco (Zamba Rap Clube):
Então, cara, eu iria falar realmente sobre isso, sobre um lugar propício pra
gente lançar uma música chamada Quebrada.
É um dos únicos rolês que a gente cola, e que é na quebrada, e que muita gente
fala de levar o Hip Hop, tirar do centro e trazer mais pra quebrada, descentralizar
um pouco. E é um lugar que a gente freqüenta como público. E subir ao palco é
um imenso prazer, e de estar na COHAB II também, muita gente falou aqui do Xis,
que é minha influência sem tamanho, a Dory também. E pra você ter uma ideia dessa
parada de fã, eu conheci o Cezão num show no Céu Aricanduva. A gente estava
pesquisando uns eventos de Rap na quebrada e isso em meados de 2004 ou 2005, a
gente foi ver um show de um cara que hoje a gente trabalha, que a Dory
participava e que hoje a gente trabalha com ela, e isso pra gente é um prazer
enorme. A gente é fã e muita gente fala, “Pow, não são artistas renomados”. Mas pra gente foi de extrema importância
naquele determinado momento, pra gente são renomados, tá ligado?
Samuel Porfirio: Cesão Hostil é o
produtor do Zamba Rap Clube, da Dory... É um cara que eu conheci em meados de
2000 e cacetada, quando eu tinha cabelo (risos).
Vinicius Preto (Zamba Rap Clube):
e era professor do Emicida...
Samuel Porfirio: você que está dizendo
essa ideia! (risos)
Dory de Oliveira: Cesar é um
paizão, me conhece desde os 16, os meninos aqui desde moleques....
Samuel Porfirio: Como é produzir
essa galera que tá chegando e que gostou do estúdio! Já é o terceiro trampo que
você está gravando ai...
Cézar Hortil: É o que eu repito
sempre, velho! Oportunidade não tem nada
a ver com caridade. A partir do momento que você observa talento misturado com
disposição, o mínimo que você faz é pelo menos observar, ver onde isso vai dar,
se tem algum potencial, acho que é o mínimo, não cai o braço de ninguém, esse
recado vai pra todo mundo que ta ai.
Edição/Retextualização: Aline Leão
Captação de áudio: Victor Goes (Dollyinho)
Apoio: Pelaarteazuera
As demais fotos do show estão lá na página do Reação Hip Hop no Facebook. Acesse:
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