ROLÊ DE IDEIA: Entrevistas















Viegas é o entrevistado da edição nº 17 do Rolê de Ideia, e o músico traz diversas informações sobre o novo trabalho, o que ele oferece de inovação e continuidade em relação aos seus trabalhos anteriores, e inclusive deixa claro a sua visão sobre a necessidade de se ter mais eventos culturais na quebrada. O lançamento da sua mais recente música, Gueto, ocorreu no palco do Reação Hip Hop, e é nesse clima que a troca de ideia acontece. 

Samuel Porfirio:  Hoje estamos com Viegas lançando a música Gueto. Fala do lançamento, do que a Gueto  traz para o seu show e que já vinha do outro trabalho?

Viegas: A primeira coisa, pra mim uma das mais importantes, não desmerecendo o trabalho que eu tinha antes, mas valorizando o que vai vir agora, é que esse trabalho é todo autoral. O trabalho anterior, VIVER É ACREDITAR, ele era um trabalho que tinha riddim né? Aquele trabalho que muita gente faz. Pega as bases jamaicanas que já existem e que outros autores também cantam em cima, e ai eles acabam usando essas mesmas bases e tal. Esse disco não, eu já usei uma batida de um amigo meu, Dj Bandeira, de Porto Alegre, ai nele o Junior Nascimento gravou as guitarras e tal, a gente chamou mais uma galera pra gravar os metais, chamamos um brother pra arranjar esses metais. Então ele já tem muito mais das coisas que eu acredito musicalmente falando, e é uma música que sintetiza um momento da minha vida muito foda. Há muito tempo eu queria fazer uma parada que mostrasse a diversidade das coisas que eu já vivi, e que eu vejo que muitas pessoas da minha quebrada ainda vivem, tá ligado?  Que era um lance de: eu sou pobre, eu tive várias oportunidades de fazer coisas erradas e fiz várias coisas erradas, mas na mesma quebrada que eu vivo há 29 anos tem gente estudando, fazendo faculdade, outro está levantando o muro como pedreiro, tem uma senhora que está lavando roupa, tem alguém que acordou 4 da manhã pra trabalhar de porteiro. Tem todo tipo de gente e todo tipo de raça, tá ligado? É sobre isso que eu quis mostrar na minha música, a diversidade de pessoas que têm lá, várias histórias, e ainda assim você tem os dois caminhos, o do bem e o do mal e isso não define o que você vai seguir, tá ligado?

Samuel Porfirio: Acaba até voltando pra uma cadência junto a do Brasil Multicolor, o gueto é multicolor! Como que  você, de Juscelino, vizinho da COHAB II, enxerga o Reação Hip Hop num bairro dormitório? É uma pergunta que eu faço pra diversos artistas que vem aqui, porque é onde marca a importância de um evento como esse na nossa quebrada, como você percebe o evento e do porquê realizar aqui esse lançamento?

Viegas: Cara, eu poderia falar sobre várias vantagens do Reação, mas eu prefiro falar de um problema que ele tem, que é de faltar em todas as quebradas. Todas as quebradas deveriam ter  um pouco disso, eu acho que todo mundo ai que faz parte direto ou indiretamente está de parabéns. Porque se o Estado ou o governo tivesse um mínimo de atitude como a galera  que está colocando a mão na massa e fazendo muita coisa iria ser diferente. É um espaço pra quem quer fazer música, pra quem quer fazer um curso, pra quem quer ver um filme. São coisas que são entretenimento, mas funcionam num outro esquema, tá ligado?  Que é uma parada de você proporcionar ao jovem a possibilidade de ele ver outros caminhos que ele pode seguir. E não aquele lance que o cara acredita que nasceu pra ser alguém na vida, então precisa fazer aquela faculdade de administração de empresas.  O cara na periferia não pode pensar em arte, tá ligado? Porque ele não tem recurso e nada é viabilizado pra que ele possa ser um artista. Eu acho que aqui, o fato de vocês trazerem artistas que já têm um nome na cena e que vivem da coisa e dar oportunidade pra quem está começando é importante, porque você coloca todo mundo no mesmo degrau, tá ligado? No mesmo patamar, e o cara vê que aquilo não é coisa de outro mundo e que ele pode também fazer isso e se interessar por outras coisas. Só acho que vocês tem que fazer mais filiais ai, só isso.

Samuel Porfirio: Fica ai uma dica dahora. Na moral, seus fãs estão esperando seu novo trabalho né, após o trabalho do Brasil Multicolor, o EP, e aquela mixtape também, com outras músicas e que eu gosto muito. Dentro dos seus fãs eu também me incluo, independente da profissão que a gente compartilha e de como que é colocar um disco na rua, todo o trabalho que é... O show de hoje já traz um pouco do trabalho que está vindo ou ainda são as músicas mais conhecidas da galera?

Viegas: Cara, um pouco, talvez só pelo fato de que hoje a gente vai tocar Gueto. O show em si não, porque a intenção está sendo fazer pelo menos o lançamento, alguns shows de lançamento inteiro com banda, e pra isso você assim como eu sabe muito bem, grana... pessoas... Isso é bem  complicado de lidar no mundo que a gente vive, nessa cena independente, sem grana e fazer com que outras pessoas acreditem no seu sonho e vivam esse sonho da mesma forma é muito difícil. Mas o que eu posso adiantar pra galera é que será um CD bem diversificado, com muita influência musical, alquimia sonora, desde de Dubstep, Rap, Rock, tem muita coisa ai. E vai vim um pouco mais dessa linguagem. Muita gente quando ouviu o primeiro trabalho ouviu um CD mais Reggae, né? Como eu disse antes isso pelo fato dos riddins, que foi a maneira como a gente conseguiu fazer. E agora não, esse disco já vem com uma linguagem um pouco mais Hip Hop também, mas com as minhas influências do Reggae e de outras coisas que gosto da música brasileira.

Samuel Porfirio: Sou fã assumido seu, parceiro mesmo, somos contemporâneos ai. Gueto! Muito sucesso, saúde pra você, meu irmão... Acredito que essa seja uma nova caminhada como vai ser uma nova caminhada para o Engrenagem também daqui pra frente. Bom, deixa um salve para os seus fãs, um salve para o pessoal que frequenta o Reação Hip Hop, faz um apelo pro pessoal  continuar frequentando essa parada, os seus contatos.... Esses espaço ai é seu!

Viegas: Cara, eu vou falar uma coisa muito importante. Individualmente quando a gente vai pro rolê, quando a gente conversa com amigos e familiares, as pessoas têm um hábito muito forte de falarem do governo, a presidenta, o prefeito e no geral  acharem um culpado. Quando na real, se a gente individualmente começar a trabalhar algumas coisas com o nosso amigo do lado, com o nosso vizinho e familiar muita coisa vai mudar. Para as pessoas que acreditam que esse espaço pode um dia ganhar outras filiais, por exemplo, como eu tinha brincado com você e que tem um total fundo de verdade, e pra que esse espaço permaneça e se fortaleça cada vez mais as pessoas tem que vir, tem que frequentar e não é vir por vir. Se você vem nessa parada  você tem que vir pra somar, você tem que vir aqui pra saber o que tá rolando, se interar e participar da parada e não simplesmente pra fazer peso, porque é isso daí que vai fazer com que as coisas passem a melhorar tanto para o Reação quanto pra outros lugares ai começarem a reagir também, e obrigado pelo espaço aí. 

Edição/Retextualização: Aline Leão
Captação de áudio: Victor Goes (Dollyinho)
Apoio: Pelaarteazuera





A 16º edição do Rolê de Ideia recebe Zamba Rap Clube, Dory de Oliveira e Cesar Hostil. Essa parceria resultou no single Quebrada que foi apresentado ao público no palco do Reação Hop Hop. Ficamos sabendo como se deu essa parceria, sobre o trampo de cada um e das experiências nas quais o Rap foi e é o ponto de encontro.

Samuel Porfirio:  Hoje no Reação Hip Hop o Zamba Rap Clube, com lançamento do single Quebrada com a rapaziada e a dama Dory de Oliveira, e lançamento da música Gueto do Viegas. Tudo a ver! Como surgiu essa negociação de lançarem as músicas no mesmo lugar e no mesmo dia e na mesma vibe?

Vinicius Preto (Zamba Rap Clube): A Quebrada a gente já vem produzindo desde janeiro, mais ou menos, até um pouco depois. A gente num rolê com a Dory: “mano, a gente vai fazer uma música junto!”  e a Dory pra mim é quebrada, então tem que ter a Dory! A  gente fez a música e o Digo até falou que iria ter o Viegas e que ele iria lançar a música dele, a Gueto, então encaixou, perfeito! A música éVinicius Preto, Emerson Toco, Cesar Hostil e Dory de Oliveira que ta ai pra falar um pouquinho também da participação dela.

Dory de Oliveira: Eu achei que veio num momento propício, porque somos praticamente da mesma quebrada: AE. Carvalho e Itaquera. Tudo ali do lado, Rua Taquari... Av. Imperador... Av. Pires do Rio. Eles me chamaram e eu acompanho o trampo dos caras há milianos, quando eles me chamaram eu falei: “Demorô!”. Nem pensei duas vezes. Junto com o mano Cesão que me conhece desde os quinze anos de idade.  Eu escrevi a letra, os caras já curtiram pra caramba e deu nesse resultado aí hoje. Todo mundo já sabendo cantar a letra na ponta da língua, tentei falar um pouco do meu corre, falar de onde eu vivo, o respeito e humildade. A av. Taquari que é pra ser lembrada, que graças a Deus eu sou a referência ali mais forte no Rap. Falei do Erick Jay, que é o meu Dj, que é o cara que está comigo desde os 16 anos de idade. Falei do Xis, que eu trabalhei com ele.

Vinicius Preto (Zamba Rap Clube): Eu fui no show do Xis no SESC que a Dory participou...

Dory de Oliveira: É muito style, só pra você ver que é muita coisa, nego! Eu não quero trabalhar com idade... (risos)

Vinicius Preto (Zamba Rap Clube): a Dory trampava com o Xis, eu ia no Studio SP, Sesc Pompéia e a Dory sempre estava e não tínhamos amizade.  Antes de eu ter o Zamba eu já era fã da Dory. Ai quando eu brinco com ela eu falo... Meu sonho de cantar com a Dory foi disso aí.

Samuel Porfirio:  É dahora, né, essa idéia de fã... É uma coisa que o Rap antes perdeu muito, mas hoje a Dory canta as músicas do Xis assim como eu canto e como até já dividimos o palco cantando o Xis.

Dory de Oliveira:  Eu me senti super privilegiada, nego! Porque além de sermos amigos, acompanho lá atrás e somos fãs. E foi com Engrenagem Urbana, quando participei com vocês lá no Artevidadádiva e é com eles hoje, com o Zamba. Isso que é gostoso, estar trazendo isso pra gente, somos amigos, nós somos fãs, nós somos a mesma Leste, e eu fiquei privilegiada.

Samuel Porfirio:  A gente ficou muito tempo aí duro: “todo mundo sangue bom, mas não sou fã!”  Somos artistas... Como confundisse ser artista com fama. E dentro desse separatismo você é representante da Leste do Rap feminino e vem numa pegada bem controvérsia, até numa parada do comportamento que não deve ser A, B e C... A sua vertente é essa mais áspera, mais voraz, mais veloz. Como é que você enxerga o Rap feminino hoje no Brasil?

Dory de Oliveira: É daí que vem o diferencial. Essa liberdade que você teve de brincar comigo, que os meninos tem de dizer: “Hey, Dory, seja mais feminina!”. Porque ser feminina? Eu quero ser assim! Eu sou a Dede, eu sou a Dory, a Dory de Oliveira, Dory Erlene de Oliveira, e sempre teve muito isso de ser feminina, até uma história que eu nem gosto muito de comentar.  Fui cantar meses passados na avenida Pires do Rio com Causa P. que eu tenho um respeito e uma admiração imensa e com quem eu faço um trabalho. E teve um cara que soou no meu ouvido: “vai lá e canta igual homem!” Entendeu? Por que cantar igual homem? Por que vestir aquela roupa igual homem? E igual você falou, eu sou a representante feminina  muito forte, não só no Rap, mas na minha vida, mas como em tudo! Todo mundo sempre me conheceu. Respeito, talento e humildade na Taquari desde 1985. E então sempre todo mundo lembra: “É  a Dory, é a Dede”. Não tem essa de cantar igual homem, vai lá muda o seu jeito porque você está na mídia. Já trabalhei com o Xis que é o Marcelo, com o DMN e entre outros caras. Estou trabalhando com os caras e eles não palpitam sobre vestir uma outra roupa, cantar de outro jeito, não mano! Eu brinco com os caras e isso que é gostoso, esse é meu diferencial, a liberdade que vocês têm de brincar comigo. E muita mina ainda segue isso como exemplo, como inspiração. Às vezes eu falo  “Ah, como estou frustrada, vou parar...”, isso por vários fatores que você está ligado. Mas ai me falam: “Não, não para não, você é minha referência, aquela música tal mudou minha vida...” Não tem como parar. Independente se ser mulher ou não eu sou uma representante constantemente.

Samuel Porfirio: A partir do momento que você está dentro do CD do DMN, por exemplo, já quebra qualquer outra ideia, eu te vi em algumas participações com o Xis, mas conheci o seu trabalho no fim naquela música com o DMN. Muita gente acha que não é nada, que tem essa nova geração, e eu bato no peito o nome dos caras: Xis, DMN, Erick Jay.

Vinicius Preto (Zamba Rap Clube): Pois aqui nesse fundão da Leste é referência!

Samuel Porfirio: Nós temos que não deixar morrer essas nossas referências e continuar sendo fã e ídolo também, porque da mesma forma que a gente é fã dos caras existem fãs nossos aqui dependendo da proporção do trabalho. Voltando pro Zamba Rap Clube, como vocês enxergam um evento como o esse aqui, de segunda feira, pra lançar uma música? Como que é essa vibe?

Emerson Toco (Zamba Rap Clube): Então, cara, eu iria falar realmente sobre isso, sobre um lugar propício pra gente lançar uma música chamada Quebrada. É um dos únicos rolês que a gente cola, e que é na quebrada, e que muita gente fala de levar o Hip Hop, tirar do centro e trazer mais pra quebrada, descentralizar um pouco. E é um lugar que a gente freqüenta como público. E subir ao palco é um imenso prazer, e de estar na COHAB II também, muita gente falou aqui do Xis, que é minha influência sem tamanho, a Dory também. E pra você ter uma ideia dessa parada de fã, eu conheci o Cezão num show no Céu Aricanduva. A gente estava pesquisando uns eventos de Rap na quebrada e isso em meados de 2004 ou 2005, a gente foi ver um show de um cara que hoje a gente trabalha, que a Dory participava e que hoje a gente trabalha com ela, e isso pra gente é um prazer enorme. A gente é fã e muita gente fala, “Pow, não são artistas renomados”.  Mas pra gente foi de extrema importância naquele determinado momento, pra gente são renomados, tá ligado?

Samuel Porfirio: Cesão Hostil é o produtor do Zamba Rap Clube, da Dory... É um cara que eu conheci em meados de 2000 e cacetada, quando eu tinha cabelo (risos).

Vinicius Preto (Zamba Rap Clube): e era professor do Emicida...

Samuel Porfirio: você que está dizendo essa ideia! (risos)

Dory de Oliveira: Cesar é um paizão, me conhece desde os 16, os meninos aqui desde moleques....

Samuel Porfirio: Como é produzir essa galera que tá chegando e que gostou do estúdio! Já é o terceiro trampo que você está gravando ai...

Cézar Hortil: É o que eu repito sempre, velho!  Oportunidade não tem nada a ver com caridade. A partir do momento que você observa talento misturado com disposição, o mínimo que você faz é pelo menos observar, ver onde isso vai dar, se tem algum potencial, acho que é o mínimo, não cai o braço de ninguém, esse recado vai pra todo mundo que ta ai.

Edição/Retextualização: Aline Leão
Captação de áudio: Victor Goes (Dollyinho)
Apoio: Pelaarteazuera




Berada alcança uma trajetória no Rap que não é de agora. É um dos nomes do Hip Hop da COHAB II que contribuiu e contribui para o desenvolvimento do movimento em nosso bairro. Samuel Porfirio conversou com Berada e nessa 15º edição do Rolê de Ideia percorreram assuntos como: trabalho solo, trajetória e o Rap hoje.

Samuel Porfirio: Salve, Salve! Embarque em mais um Rolê de Ideia! Hoje com Berada, Da Banditi, milianos! Berada, você já tem um longo tempo na caminhada aí, desde a época do Da Bandit, De Conceito... Hoje iniciando essa parada solo também. Se não me engano é o segundo trampo que você já está gravando solo. O que o Berada traz com o novo disco para os palcos de Rap de São Paulo?

Berada: Primeiramente, Boa noite e obrigado ao Reação por ter me dado essa oportunidade de estar iniciando um novo trabalho. A gente está vindo com um novo CD, produção Sagati, GRM, os caras que estão ai fazendo uma parada legal e fortalecendo sempre. E é aquilo né mano, a gente vem trazendo música Rap e aquele Rap que a gente conhece de Itaquera, Zona Leste, aquelas batidas mais pra cima, as paradas que a gente gosta e que a gente curti, tá ligado? É isso que a gente faz. A gente faz música pra satisfazer os nossos desejos, as nossas horas que a gente fica ali e pensa na música.  Não dá pra descrever o que o CD é. O CD está vindo com uma boa qualidade e acredito que a rapaziada vai curtir.  

Samuel Porfirio: Você é um dos caras que também começou com o movimento aqui na COHAB também junto com o DMN, com o XIS... Você é um dos caras mais velho que tem no Hip Hop aqui na COHAB II. Como é que você vê o Reação Hip Hop mantendo a cultura viva para o pessoal que está ainda ingressando no Rap?

Berada: Eu vejo que a molecada ai está zica, está dahora, mas eu não estou tão velhinho assim não, muita
calma velho, eu to ai! (risos). É o seguinte, a gente tem uma trajetória pois a gente começou cedo no Rap. A gente tem essa trajetória que uma pá de gente conhece, pelo fato da gente fazer música dentro das garagens, fazer festa, chamar a rapaziada e o pessoal curtir... O que eu vejo dessa rapaziadinha nova é que eles têm a mesma vontade. E é isso que me faz acreditar cada vez mais que a gente tem que estar escrevendo Rap, escrevendo música, tocando uma viola, um teclado, tem que tocar um baixo... Tem que se atualizar mano. E eu acho que a molecada tem que estar se atualizando  e fortalecendo cada vez mais! Vou deixar um salve ai pra todo mundo e pra aqueles que não compareceu, perdeu mano! Que foi um barato dahora, eu sou suspeito pra falar... O pessoal gravou e vai por ai pra vocês ouvirem, tenho certeza.

Samuel Porfirio: Pode crê. Quando eu disse que você está velho não foi no sentido da idade, mas da correria que você já tem (risos). Aliás, porque a juventude está no espírito mesmo! Manda um salve pro pessoal do Reação Hip Hop e deixa seu contato!


Berada: Vou deixar um salve pro pessoal do Reação, pro Samuel e todo pessoal do Engrenagem. É o seguinte: Berada De Conceito, contato pra show é(11) 7846-8302, ou entra lá no Facebook: Willian Berada. No Twitter também: @beradadc. Deixa um salve lá, a gente pode estar fechando qualquer parada que tiver, estamos dentro! Estamos pra divulgar o trabalho! Vamoquevamo!

Edição/Retextualização: Aline Leão
Captação de áudio: Victor Goes (Dollyinho)
Apoio: Pelaarteazuera










Nessa 14º edição do ROLÊ DE IDEIA Samuel Porfirio entrevista Rico Dalasam. O rapper fala sobre as possibilidades do diverso que existe no seu som e na sua identidade artística e pessoal. Conta sobre suas referências e trampo. E fala da importância de se sentir livre nos espaços em que frequenta.

Samuel Porfírio: É por conta do nome que você disse que tem uma referência indiana, quero que você conte mais sobre o seu trabalho!

Rico Dalasam:  Ouço Rap há muito tempo, mas comecei a escrever com 13 anos de idade, depois disso eu segui escrevendo mas eu sempre tive um olhar meio diverso sobre o meu estilo de vida, sobre o jeito que eu caminhava. Eu sempre frequentei festas de Rap, mas eu sempre tive um olhar pra fora do meu bairro, pra fora da minha periferia. Isso sempre me atiçou de ir ao museu, de ir a lugares em que eu ia muito sozinho, pois a galera do bairro não se interessava, normal também disso acontecer. Dalasam é uma junção de letras que significam “Disponho Armas Libertárias a Sonhos Antes Mutilados”e tem uma sonoridade um pouco árabe, eu não sou árabe, sou de São Paulo, de imagem eu tenho muita referência de negros do Marrocos, do Sir Lanka, onde a gente se parece um pouco, tem esse nariz mais pontudo, e é uma identificação que eu tenho. Dalassam é um nome legal e que soa legal pra isso.

Samuel Porfírio: Mas você trás  como referência essa parte do mundo pra suas letras também ou só mesmo o nome?

Rico Dalasam: Cara,  nós pensamos num primeiro CD com muitas faixas, que chamaria: UMBAQ.SA,  no outro instante a gente precisou diminuir uma quantidade de músicas para um formato de EP chamado Modo diverso. Eu sempre vivi entre o Yin -Yang, nessa questão de morar na periferia e sempre consumir fora da periferia. Você vive num gueto, e pra você ser você, você vai no outro gueto, por exemplo: “você vive em Taboão da Serra, mas pra você ser você mesmo precisa ir pra outro canto, pra Vila Madalena, Jardins, Augusta, por conta de que lá se encontram pessoas que se identificam na mesma ideia, entende? Ai você não vive a discriminação do bairro, você foge dela, e vai pra um lugar que também cada um vem de suas periferias, se encontram lá pra viver as suas diversidades, tá ligado? Ai não tem como, o CD vem  cheio de idéias alternativas, de possibilidades novas dentro de quanto o Hip Hop cabe e cabe muito.

Samuel Porfírio: Locomoção de periferia, de universo, de infinito particular de cada um.  Qual a expectativa que a Cohab II, o Reação Hip Hop, trás pra você hoje, ao teu show?

Rico Dalasam:  O que eu acho de mais incrível de ter saído de um extremo, Taboão da Serra, pra outro extremo da cidade, é esse modo diverso que eu trago na minha performance, no meu modo de cantar, no meu modo de vestir, nas letras. Isso existe na periferia, mas não tem uma voz que coloque isso explicitamente, e quando eu canto numa casa da Augusta, eu sei que ali vai ter pessoas que já foram convidadas sabendo do que vai receber,  em questão de show, de musicalidade, e quando a gente vem pra cá ou no meu bairro ou em outra periferia, são ideias novas, é uma abertura de ideias, uma proposta de arejar as ideias com esse Rap que e faço, com esse modo diverso. Eu já vim aqui outra vez, não é a primeira vez, eu cantei duas músicas com o Tico, mas toda vez que vou numa periferia eu sei que estou levando uma ideia nova dentro da questão, dentro da pluralidade do Hip Hop, dentro do que já se vê do que temos ai nessa gama de artistas.

Samuel Porfírio: Pode crê, acredito que você  vai trazer uma linguagem diferente dos que já vieram pra cá também, estou até curioso pra ver o trampo. Então o espaço é teu pra deixar um salve pro pessoal do Hip Hop e os seus contatos:

Rico Dalasam:  Salve! Máximo respeito ao Augusto e ao Victor que está gravando, acho muito incrível existir toda essa iniciativa e cooperação de todo mundo. Bom, Rico Dalasam em todas as redes sociais, em breve no Itunes e em todas as lojas no business da musica. Muito obrigado, que a gente possa falar mais, conversar mais, trocar essa ideia e que esse modo diverso possa trazer liberdade pra um monte de gente que está enclausurada em seu mundo particular. 

Edição/Retextualização: Aline Leão
Captação de áudio: Victor Goes (Dollyinho)
Apoio: Pelaarteazuera


Karol de Souza é de Curitiba, mas faz de São Paulo o seu reduto de trampo. A MC é uma das principais vozes femininas do Rap atualmente e esteve com a gente acompanhada do Dj Palazi e sua parceira do RJ, Taz Mureb. O ROLÊ de IDEIA na sua 13º edição conversou com Karol de Souza e ela nos contou um pouco sobre a cena Rap de Cuiabá, a visibilidade do movimento Rap para além das fronteiras e sobre o amor que nutre pelo ofício:

Samuel Porfirio: O Hip Hop cada vez mais está tendo uma presença feminina forte e isso é uma conquista de vocês, unicamente de vocês, exclusiva. Como é que você vê essa parada em Curitiba? O Rap feminino tem a mesma força que o Rap masculino e como o Rap feminino aqui em São Paulo?

Karol de Souza: Na real, o Rap feminino em Curitiba tem até mais força do que o Rap feminino aqui em São Paulo. Quem você conhece muito do som de Curitiba? Na minha cabeça vem três nomes. A Nathy MC, que mora em São Paulo assim como eu há muito tempo, a Karol Conka e eu, Karol de Souza. Os primeiros nomes que vem à cabeça quando se fala em Rap de Curitiba somos nós três ainda. Tem outros meninos, o Cabes... Tem um monte de gente lá. Mas por ser uma cidade tão menor do que São Paulo e ter três meninas completamente ativas, vivendo de Rap, fazendo só isso da vida, acho que é muito. São Paulo deve ter o triplo disso mas é uma cidade maior.

Samuel Porfirio: E uma cena como o Reação Hip Hop, que é um fomento à cultura, como é que você enxerga essa parada?

Karol de Souza: Eu enxergo de uma maneira ótima, acho necessário. E eu até reclamo porque as pessoas não me chamam pra cantar nas periferias. Não sei se eu tenho cara de metida, não sei o que é. Toda vez que me chamam eu vou. Porque eu acho fundamental esse tipo de coisa, quando tem livro, quando tem sarau envolvido, quando você pode trazer a sua mãe... Às vezes eu levo a minha mãe nos lugares... Acho que a função do Rap é justamente isso, ir onde eu tenho que ir, falar o que eu tenho que falar, é falar com quem quer me ouvir.  E isso não se define só à Rua Augusta ou ao centro da cidade. Eu acho lindo, tanto que eu vim e trouxe dois amigos comigo. Eu e uma MC do Rio de Janeiro. Sabendo que ela estava aqui eu chamei “vamos lá comigo?!”. Podia ser em qualquer lugar, podia ser no Capão Redondo ou aqui, sempre vou. Acho o máximo.

Samuel Porfirio: Conheci o seu trabalho no CCJ, dois ou três anos atrás, e me chamou atenção até uma música que fala sobre fazer aquilo que ama e tal, e foi um trabalho que me chamou muita atenção na ocasião. O que o seu show trás hoje pro Reação Hip Hop, quais as referências?

Karol de Souza: Ainda trás “Pro que eu maizamo”. Nos meus shows normalmente eu trago todas as músicas que eu já fiz dependendo do tempo que eu tenho. Mas essa é uma das principais músicas minhas, a minha terceira música. Eu continuo nesse mesmo propósito fazendo aquilo que eu mais amo, que é Rap. Por mais que eu precise arrumar um trampo pra comer, pra ter dinheiro, o Rap nem sempre me dá tudo que eu preciso de dinheiro ou o que eu mereço, eu e todos os demais talentosos que merecem, mas ele me sustenta viva, me sustenta feliz, me sustenta bem assim. Toda vez que eu subo no palco eu tento me entregar de coração fazendo aquilo que eu mais amo. É uma necessidade pra mim.

Samuel Porfirio: Não sendo do eixo Rio – São Paulo você acha que dificulta ainda mais a sua aparição na mídia ou dentro do próprio movimento?

Karol de Souza: Não, não. Acho que já foi esse tempo aí. E até um cara que está aqui, que é o Don L, o cara é do Ceará e é a prova de que se o seu Rap é massa ele vai chegar onde ele tem que chegar. São Paulo é o lugar que mais tem público do Rap. Não é porque é a maior cidade, é porque realmente aqui você vê muita gente do Rap. Na minha cidade não tem tanto, mas ainda tem uma cena bacana e digna. Acho que já foi esse época aí, eu escolhi morar aqui, porque se eu morasse só em Curitiba eu sei que a grana não seria suficiente pra eu viver assim, e eu quero viver, eu quero fazer disso o meu trabalho mesmo! Que pague todas as minhas contas, minha luz, minha água, me vista, que eu consiga ajudar minha família, entre todas outras coisas. E morar em São Paulo é uma necessidade por conta disso. Eu acho que essa parada do eixo já foi. Funciona muito pra televisão, mas pra música não. Você pode participar de uma tribo, que nem os meninos lá do Mato Grosso que estão aí fazendo Rap que chegou pra mim.

Samuel Porfirio: E é louvável aquele que se dedica ao seu sonho e abdica de qualquer outro trampo pra viver. Eu tô vivendo essa parada também e  eu sei o que é. É prazeroso demais... Deixa aí um salve pro Reação Hip Hop, os seus contatos, esse espaço é seu:

Karol de Souza: Reação Hip Hop, obrigada pelo convite, é um prazer estar aqui! Me chamem outras vezes, eu, meus amigos e os novos MCs. Espero que vocês gostem de meu trabalho, do que a gente vai fazer ali dentro e estou muito feliz. Esperem o meu novo disco em 2015!

Edição/Retextualização: Aline Leão
Captação de áudio: Victor Goes (Dollyinho)
Apoio: Pelaarteazuera



















Rincon Sapiência vulgo "Manicongo" é o MC entrevistado na edição nº 12 do ROLÊ DE IDEIAO MC dividiu o palco com Amiri numa noites dessas e nessa edição do Rolê ele nos conta um pouco sobre o seu novo trabalho "SP Gueto BR" que já está nas ruas; fala da experiência de compartilhar o palco com o parceiro do Rap e da importância de valorizarmos eventos de Rap na periferia.

Samuel Porfirio: Embarque em mais um Rolê de Ideia!  Hoje trazendo Rincon Sapiência. Rincon, é a segunda vez que você cola no Reação Hip Hop e a gente quer saber qual a ótica do artista do seu gabarito sobre o evento:

Rincon Sapiência: Aqui é massa, é importante a nossa música ir de encontro. Eu sei que a cena aqui é muito forte, as pessoas acompanham e tal, mas eu sei que é possível que venha muita gente que é do bairro mesmo, que vai colar pra encostar e é legal esse diálogo com as pessoas que estão no bairro mesmo, que vivem por aqui... como funciona esse diálogo, como recebem a música. Eu não frequento essa área aqui há muito tempo. No passado eu vinha aqui bater bola, jogava um contra. E pra fazer esse encontro com o Rap, passar a música Rap pra rapaziada daqui é classe A. Fiquei feliz desde quando rolou o convite, eu já falei: “pow, dahora”, pois eu sei que a rapaziada é dahora mesmo.

Samuel Porfirio: Qual a importância do Reação Hip Hop pro fomento e pra continuação da nova geração do Rap?

Rincon Sapiência: É muito importante. A gente tem uma cena Rap que existe, mas ela muito pouco cíclica, né? A gente tem alguns lugares que concentram as casas de shows, os lugares pra cantar e não varia muito. Se você não conseguir fazer um making pra tocar em uma outra cidade, no interior e outros lugares... São Paulo, por mais que ele seja grande ele acaba se tornando pequeno se tudo ficar só no centro, só na mesma casa. Eu penso muito assim, em fazer as próprias coisas, botar a cara, aparecer e eu mesmo bolar a festa, porém fazer uma festa não é nada fácil. Vejo o Reação rolando já faz um tempo, porque eu acompanho pela internet. Já vieram vários nomes por aqui. Então é mais um polo que a gente tem pra tá rodando. Se lançar um CD vamos pra lá! Aconteceu alguma coisa tem o Reação pra fazer as coisas. Então é muito importante o trabalho de vocês.

Samuel Porfirio: O seu novo CD enfim saiu, né? E o que você trás como show?

Rincon Sapiência: é um CD pequeno. Ele tem 10 faixas. Dessas 10 faixas 3 delas não são inéditas, já tinham circulado. Mas de qualquer forma tem coisas novas, o ânimo é diferente quando você está com um repertório novo, quando você tem um discurso novo na manga, quando você tem outras ferramentas que outrora não tinha. Isso já é animador, já dá mais vontade de sair, fazer show e expressar as ideias que a gente tem. Tô bem animado aqui pra hoje.

Samuel Porfirio: Rincon Sapiência e Amiri são dois nomes que eu classifico como os mais diferentes do Rap brasileiro. Como você enxergou esse encontro, se vocês já tocaram no mesmo pico antes, como você vê essa parada ai hoje?

Rincon Sapiência: Está sendo a segunda vez e pra mim é bem confortável. Recentemente eu toquei na virada num palco diverso, que tinham diversos artistas. Os artistas de Rap tinham um estilo de Rap diferente do meu, fora isso tinha alguns artistas de outras bandas de reggae e de outras coisas. Acaba um show e quando você chega você pensa: “eu tenho que quebrar esse gelo” e trazer uma atmosfera nova. Agora quando tem show do Amiri, mesmo que eu já tivesse tocado pra ele vir depois ou vice-versa, não precisa ter essa quebra de gelo, porque é parecido o discurso e a irreverência na música, então é bem tranquilo.

Samuel Porfirio: São dois que eu acho que são tão diferentes que por serem tão diferentes são iguais! Sempre bom conversar com você e em qualquer ocasião, seja num show seu ou em show meu ou então por se encontrar por ai. Deixa um salve pro pessoal que cola no Reação e o seu contato:

Rincon Sapiência: Salve, Salve! Reação! Rincon Sapiência conhecido também como Manicongo e continuem com a festa, vocês espectadores continuem colando, pois isso é muito importante pra história do Rap, mas do que importante pro bairro ou pra quem cola, é pra história do Rap. É isso aí, lançamento recente SP Gueto BR, quem ainda não tem faça o download gratuito: www.rinconsapiencia.com.br. Só baixar e vem com noiz!

Edição/Retextualização: Aline Leão
Captação de áudio: Victor Goes (Dollyinho)

Apoio: Pelaarteazuera









Na edição nº 11 do ROLÊ DE IDEIA quem participa é o Amiri. O MC dividiu o palco do Reação Hip Hop com Rincon Sapiência e essa soma de talentos resultou em um show carregado de linguagem de peso. Depois do show ele bateu um papo com a gente percorrendo assuntos como: a movimentação do rap; a importância de fomentar a cultura Hip Hop e sobre o diferencial do seu trabalho:

Samuel Porfirio: Embarque em mais um Rolê de Ideia e hoje com Amiri. Satisfação... É a segunda vez que você está na casa e a gente quer saber a ótica que você tem sobre um evento desse aqui, o Reação Hip Hop, num bairro dormitório:

Amiri: É importantíssimo mano, a gente organizar as coisas pra termos um feeling com relação a tudo, né? A um feedback, a como a gente faz, como a gente tem que melhorar...  Porque eu creio muito nesse negócio de nóiz por nóiz, se a gente não fizer não vai ter quem faça. Então é importante que a gente faça o evento, pra trazer o pessoal pra trocar ideia, fazer esse câmbio de informação, né mano? Que consiste o Hip Hop em si também, é importante pra caramba, dahora.

Samuel Porfiro:  E um evento como esse como um fomento pra nova geração do Rap? Qual a importância do Reação Hip Hop pra cultura do Rap brasileiro?

Amiri: É até um pouco do que eu disse lá dentro. É está aqui, ali, incentivar aqui, apoiar ali, fazer com  que o outro mano queira fazer o evento também. Que o Brasil queira criar, tá ligado? A gente precisa muito disso, precisa se qualificar em um monte de coisa, não que nós sejamos incapazes, nós precisamos nos reeducar diante de um monte de coisa, né mano? Pra gente cuidar dahora da cultura, do movimento em si. É importante pros irmãos novos que vem, e os irmãos mais velhos continuar incentivando também, continuar ajudando e instigando os irmãos a continuarem vivendo o movimento, viver  o movimento e se algum dia, Deus abençoar, ganhar o dinheiro de uma forma justa e honesta, porque não, né?

Samuel Porfiro: Você e o Rincon são os dois estilos no Rap brasileiro que eu acho os mais diferentes. Por serem tão diferentes que acho que são iguais, são dois nomes que claramente, quando me perguntam quais são os MC’s no Brasil que eu acho diferente, eu respondo que é você, o Rincon, ao lado do Rapadura também e Parteum. Como você vê esses encontro seu com Rincon aqui na Cohab II, Reação Hip Hop, hoje?

Amiri: Monstro! A importância da COHAB II eu posso até te dizer, mano, que eu comecei a fazer rap porque eu vi Xis fazendo rap, dando um salve: “COHAB II, lado leste, Itaquera”! É dahora eu estar aqui, vindo fazer o meu som aqui, sendo que há 10 ou 12 anos atrás quando eu era novo eu ouvia o Xis e ouvia ele citar essa quebrada. E estar aqui, trombar o Rincon, mano, ouvir você me citar no meio de vários MC’s monstros que eu admiro, Rapadura, Parteum... é louco! Esse lance da diferença é porque eu me aprofundei em dizer coisas que as pessoas já dizem, mas de um jeito diferente.  Não sei o quanto isso é válido, mas a princípio achei válido, eu fui levando e eu sou um aprendiz, eu estou aprendendo um monte de coisa sobre o que é fazer música. Bom, eu escuto umas coisas bem positivas sobre essa diferença que eu tenho como MC e de tá contribuindo...

Samuel Porfiro: Deixa aquele salve pro pessoal do Reação Hip Hop, seu contato e consideração final!

Amiri: Um salve pro pessoal do Reação Hip Hop, pras irmãs e irmãos que colou e que mandou uma energia dahora, todo mundo conservou a energia, ficou legal, espero que vocês tenham ficado com algumas coisas que eu disse e que senti de dizer de coração, espero ter contribuído. Quem quiser contatar a gente pra alguma ideia, pra alguma intervenção, pra gente trocar alguma ideia e contribuir de alguma forma através dessa atuação que a gente tem que é artística. Tem a nossa página: Amirioficial (Facebook), no twitter, @I_amiri. Acompanhe a gente lá, Deus abençõe! 

Edição/Retextualização: Aline Leão
Captação de áudio: Victor Goes (Dollyinho)
Apoio: Pelaarteazuera





















A 10º edição do ROLÊ DE IDEIA chega com uma conversa bem bacana com Mamuti Zero Onze.  Paulistano convicto,  Mamuti desenvolve um importantíssimo trabalho na divulgação e manutenção do Hip Hop através do festival Reviva Rap, coordenado junto com a sua equipe. Aqui ele conta um pouco sobre seu corre na cultura e dá a sua opinião sobre como manter os eventos culturais na quebrada. Além disso, nos conta sobre a sua identidade musical no Rap!


Samuel Porfirio: Embarque em mais um Rolê de Ideia, hoje com Mamuti  Zero Onze diretamente da zona norte. Mamuti  Zero Onze é um dos precursores do Festival Reviva Rap, que é um dos únicos festivais de rap em São Paulo que eu conheço, particularmente. E sabe da importância do fomento à cultura. Como é que você vê o movimento como o Reação Hip Hop toda segunda-feira trazendo estilos diferentes à comunidade?

Mamuti Zero Onze: É parte do que a gente acredita essa parada de reviver o Rap. De ter pontos culturais na quebrada onde as coisas aconteçam sempre, porque mais que oficina, as pessoas precisam ter um ponto pra se encontrar e discutir a cultura e ver a cultura acontecer. Só assim que a gente consegue construir público e que esse público seja multiplicador e que essa cultura acabe se expandindo. Só de oficina não vive uma cultura, a gente estava muito preso nisso: “vamos fazer oficina!”. E você botava lá na escola:  Oficina. Mas ninguém sabia o que era. Ninguém viu! Ninguém vai se atrair por aquilo. E quando você tem um evento que acontece toda a semana que tem uma atração que reúne as pessoas, que tem essa parte de união do Hip Hop, de celebração, você atrai as pessoas, pois elas vêem aquilo que você está tentando passar na oficina.  E se alguma vez você chegar com uma oficina pra poder profissionalizar uma pessoa ou então só pra pessoa conhecer mais sobre um elemento ou outro, ela vai saber do que você está falando, porque ela viu. Ela vai ter uma imagem diferente. Se disser pra ela fazer uma oficina na sala de aula você já tem aquela ideia de escola: “ah, é chato!”. Mas sabendo do que ocorre aqui, ao fazer uma oficina ela já pensa: “Segunda eu posso estar lá”. É um bagulho que é necessário e é o que mantém a cultura Hip Hop viva do jeito que a gente gosta dela.

Samuel Porfirio: E nessa construção de público, não só o Reação Hip Hop, mas como qualquer outro evento, tem um declínio e uma oscilação muito grande de público, varia bastante. Por exemplo, hoje a gente está em um bairro bastante conhecido por sediar a Copa do Mundo, um evento mundial,  e temos um evento que já vem sendo construído, que é semanal e consolidado semanalmente e ainda oscila o público. Como a gente consegue, na sua visão, reformar a cabeça do público de estar frequentando e da importância de ocupar esses espaços?

Mamuti Zero Onze: Acho que é mesmo com essa parte da ocupação semanal e insistir, porque senão as pessoas vão achar que é uma parada de temporada. A gente tem como exemplo a Batalha do metrô Santa Cruz, mas até o terceiro ou quarto ano chegava o mês de Junho, que era o mês das quermesses, a Batalha tinha que tirar férias pois não tinha ninguém, véio! Se tem quermesse na quebrada, você vai sair da quebrada pra ir à porta do metrô?

Samuel Porfirio: Que bom que tem quermesse ainda lá, né?

Mamuti Zero Onze: Tá ligado... As pessoas vão entender que aquilo lá vai estar lá sempre. Tem quermesse tem, mas vai ter Santa Cruz...  e gente que não gosta de quermesse vai começar a colar! E vai miar um pouco o público por conta de um evento e outro, vai! É inevitável. Mas não é o que vai levar a morte do lugar. Oscila? O importante é manter. Se você mantém o bagulho vai, às vezes com um pouco de gente, às vezes com mais gente. Mantendo o bagulho vira calendário das pessoas. Insistir sempre vai fazer com que as pessoas frequentem bastante, você nunca vai ter um super público, mas você vai ter sempre um público cativo. Outro exemplo é o Reduto do Rap, que é lá na Freguesia e agora voltou pra Pirituba, vai ser lá na facul agora. No começo não tinha ninguém, tinha um pessoal que queria ver o grupo.  Agora você vai lá no Reduto é sempre as mesmas pessoas, tem um público cativo lá. E esse pessoal sempre traz alguém. 

Samuel Porfirio: Falando de música agora, quem ta com você, quem produziu, quem sobre no palco com você, quem trabalha contigo nessa caminhada? E o que é que o Mamuti vai trazer nesse show de hoje?

Mamuti Zero Onze: O show de hoje é o show que a gente sempre faz. Eu estava doente ano passado, não estava conseguindo respirar direito, tudo isso me desanimou, eu parei de fazer show e a gente estava trabalhando com outras coisas. A gente acabou não fazendo música nova. A gente tem pouca novidade em questão musical, mas no palco sempre tem o Yuri e alguns outros amigos que eu trago quando eles têm agenda pra fazer um som, e também porque eu gosto de bagunça, eu gosto do palco cheio. E no dia-a-dia além do Yuri que produz tudo, ele pode não fazer algumas batidas, mas em questão de produção ele faz tudo. Eu solto algumas batidas na mão dele e digo “faz, fi...” rs. Tem o Du que faz tudo. Du me ajuda a carregar peso e me ajuda a contar dinheiro quando tem (risos). É tudo. E tem o pessoal dos outros coletivos que são dos outros coletivos...

Samuel Porfirio: E musicalmente o que é que vocês trazem pro show?

Mamuti Zero Onze: Rap.  Eu faço Rap porque eu vivo. E quando escrevi a maioria das músicas do meu repertório eu estava vivendo a cidade. Então, até por isso eu levo o nome de Mamuti Zero Onze. Eu falo muito de São Paulo... O pessoal deve até falar: “puta, que chato!”. Mas é o que eu vivo. Eu vivo a cidade 24 horas por dia.  E é isso, eu estava vivendo a cidade 24 horas por dia e sete dias por semana, e eu escrevi sobre a cidade do jeito que eu estava vendo a cidade. Falo um pouco da zona oeste, do que eu cresci ouvindo, eu falo um pouco de sonhos, situações que eu já vivi na cidade.

Samuel Porfirio: Referência total à vida!

Mamuti Zero Onze: Meu dia-a-dia na cidade! Eu não podia ter outro nome: Mamuti Zero Onze. Poderiam me chamar de MC paulistano que estava certo, cara!

Samuel Porfirio: Bom, deixa um salve aí pro pessoal que frequenta o Reação Hip Hop, o seu contato!


Mamuti Zero Onze: Salve, Reação Hip Hop! Quem veio e quem não veio, quem não veio venha nas próximas... Não precisa vir pra ver o Mamuti não, venha pelo lugar, venha pelas as pessoas, venha pela atração, venha pela boa música, venha por tudo o que você encontra aqui, esse ambiente  de celebração da cultura Hip Hop, certo! Contatos é só procurar Mamuti Zero Onze na internet, Facebook, vocês vão achar nós em todo lugar! 

Edição/Retextualização: Aline Leão
Captação de áudio: Victor Goes (Dollyinho)
Apoio: Pelaarteazuera





ROLÊ DE IDEIA na sua 9º edição apresenta Lindomar 3L. E  num papo de paulistano bem mineiro conduzido por Samuel Porfirio, o MC de Uberaba compartilha com a gente dos valores que lançam luz sobre sua trajetória. Fala das parcerias (DJ Claudião e Lupa), da ação social que realiza na Fundação Casa e de como a sua vivência com os internos transparece na sua música e a motiva. Chega junto! 

Samuel Porfirio: Embarque em mais um Rolê de Ideia! Hoje com Lindomar 3L fazendo uma conexão Uberaba e Itaim Paulista, Minas -São Paulo com Dj Claudião, ex B-Terror e Lupa, MC que estou conhecendo agora.  O que mudou do Lindomar 3L lançado em 2006, no primeiro disco “Das ruas mineiras”  pro Lindomar “ O Novo sempre vem”. O que de novo veio pra esse MC aí?

Lindomar 3L: A essência é a mesma, a essência permanece e vai permanecer sempre. O que mudou foi a experiência, a bagagem. De 2006 pra cá a gente experimentou coisas novas e essas influências estão no disco. São umas coisas tipo na inovação do flow, na levada, até na mistura de gêneros. Eu nunca tinha misturado Rap com Samba rock, fiz essa experimentação agora. O Rap com Rock, com banda. E o que a gente já vem misturando, que é o Rap com Moda de Viola também. Procurar falar de temas que muitas vezes não são abordados no Rap nacional, a realidade da molecada privada da liberdade na  Fundação Casa, está bem explícito no disco também. Tem entretenimento mas, claro, conhecimento, educação, sempre.

Samuel Porfirio: Sobre essa parada sua da militância, de ser ativista na Fundação Casa... A moda de viola já trás aquele sentimento de solidão né? E você tem muita referência do Chaves, conhecido mundialmente pela fome do garoto e a solidão. E aí você tem o dia-a-dia com a Fundação Casa. Como você consegue alinhar esses três temas que se encontram diariamente pra fazer Rap?

Lindomar 3L: É uma parada natural, rola naturalmente, flui bem natural por conta da gente viver isso, a gente sente isso  na pele. Não é algo estudado nem pesquisado, é algo que a gente vive mesmo, então a inspiração vem naturalmente e a gente só joga pro papel. E a questão da oficina, eu posso dizer que tenho o meu maior fruto aqui presente comigo, que é o Lupa. Porque ele começou na minha oficina de Rap em Uberaba, Minas Gerais. Isso há quase 10 anos atrás, e ele assumiu o meu papel de oficineiro em Uberaba, ficou 3 anos, e agora está em São Paulo e logo menos com a gente nesse projeto nas unidades da Fundação Casa.  

Samuel Porfirio: E o quê que os caras tem de participação no seu trabalho hoje, o que cada um hoje faz com o Lindomar?

Lindomar 3L: Como você disse, o Dj Claudião é ex- Be Terror, ex-Tribunal MC’s também, Alerta Vermelho...  Já está comigo praticamente 1 ano. Porque, por coincidência ou não, ele esteve em uma apresentação minha aqui em São Paulo e eu ainda estava em Uberaba, Minas Gerais, e foi no Itaim Paulista. Ele esteve presente curtindo o show. Depois eu mudei justamente pra perto da casa dele,  na mesma quebrada. E aí eu passava na rua e sempre ouvia alguém me chamando, quando fui lá trocar ideia era o Claudião. Como meu DJ ficou em Uberaba e eu precisava de alguém aqui parceiro convidei o Claudião e ele aceitou o convite. O Lupa, já está comigo há quase 10 anos. A gente apresenta ele como MC de apoio, mas ele tem um trabalho solo como Lupa, maravilhoso, que logo o mundão vai estar conhecendo também.  Ele participa do CD, tanto “Das ruas mineiras” quanto “O novo sempre vem”.  Além dele têm umas participações inusitadas como a do Cascão, que é  inclusive na música da moda de viola. A gente conhece o trabalho da Trilha Sonora do Gueto mais relacionado à questão Gangsta, e justamente no nosso trampo ele participa de uma música misturada com moda de viola e que ele fala da influência caipira na vida dele, tem o Gog também, parceiros assim.

Samuel Porfirio:  Você  que já trabalha com uma parada social de reintegrar essa molecada aí à sociedade. Como você vê a importância de um evento como o Reação Hip Hop num bairro dormitório?

Lindomar 3L: Isso aqui é essencial, principalmente por ser quebrada, periferia e tal. A gente saiu de uma outra quebrada pra tá vindo pra cá. Pegamos um puta trânsito, foi umas duas horas e meia pra chegar aqui, mas quando chega aqui e vê essa rapaziada a gente fica feliz de passar por todos esses percalços  e encontrar vocês aqui fazendo esse evento acontecer. É a segunda vez que eu participo do evento, era ainda Batalha da Dois.

Samuel Porfirio: Deixa um Salve aí pro pessoal do Reação Hip Hop, pra conhecerem mais a parada e o contato de vocês aí pra fechar:

Lindomar 3L: Salve, Salve família Reação Hip Hop! Toda rapaziada, todos os manos e minas que prestigiam o evento e que organizam o evento: Engrenagem Urbana e toda rapaziada. Lindomar 3L, Lupa e DJ Claudião agradece. Pra entrar em contato pelo site: www. Lindomar3l.com.br é noiz que tá!


Samuel Porfirio: Esse foi mais um Rolê de Ideia com Lindomar 3L, DJ Claudião e Lupa. Tamujunto família, chega com noiz!

Edição/Retextualização: Aline Leão
Captação de áudio: Victor Goes (Dollyinho)
Apoio: Pelaarteazuera


As demais  fotos do show estão lá na página do Reação Hip Hop no Facebook. Acesse:





Três MC's em conjunto - Murilo SDC, Helibrown, Nego - fazem a releitura de sons conhecidos do Rap atual e dão a essas músicas a identidade que cada um carrega consigo. No ROLÊ DE IDEIA edição 8, eles do Coletivo Arte, contam pra gente sobre o projeto de remixes e de como se deu o processo criativo de conceber essa iniciativa. Dá um confere aí na entrevista realizada por Samuel Porfirio:

Samuel Porfirio: Estamos com Coletivo Arte: Murilo SDC, Helibrown, Nego E. Os três eu conheço individualmente, o Murilo eu conheço mais no freestyle... Pelo que eu percebi vocês pegam músicas já lançadas e fazem uma espécie de remix. Qual foi o critério que vocês usaram pra seleção?

Murilo SDC: Nossa ideia na real partiu de uma música que eu queria remixar, e de um modo oficial com AXL, só que incluindo o meu verso na música original. Ele falou: “mano, isso não dá pra fazer, mas aí eu deixo a capela instrumental com você e você fica a vontade pra fazer o que quiser." E aí eu chamei eles e a partir disso surgiu o Coletivo. E pra escolher as demais músicas a gente pensou em pessoas que a gente respeite, músicos que a gente goste.

Nego E: Que a gente tem proximidade também... Todo trabalho foi feito de forma autoral: as rimas, os freestyles...  a gente mapeou os beats de forma diferente, só que a gente queria ter a autorização dos caras, não era só pegar da internet, ripar e tirar a voz num programa qualquer, a gente queria a autorização e essa benção dos caras. Se podia lançar, o que achou... se é passível de lançar...  Pois você está mexendo na música do cara, na criação do maluco...

Murilo SDC: E a gente escolheu musicas que têm uma história pra contar também.  Tem música ali pra mim que é clássico do rap, tipo a "E se" e todas as músicas tem uma história muito boa com cada artista que é dono dela, senão também fica muito fácil remixar uma música que o cara só fez um barulho nela, e que não queria...

Samuel Porfirio: Inclusive cai no mesmo tema que você puxou, pois você falou de clássicos, mas clássicos muitos atuais, os atuais nomes do Rap brasileiro. E por que não um clássico mais antigo? RZO, Racionais... Foi por conta dessa proximidade com os caras?

Helibrown: Exatamente, única e exclusivamente por conta dessa questão. Acho que têm alguns sons que são sagrados, não dá pra tocar... Não tem o que falar mais.  A "E se", mano...  Tanto que da "E se" dos versos que eu separei dá pra escrever duas tracks ainda, que é um tema que dá pra abordar várias paradas, tema muito vasto. A “Avua Besouro” é militância... é um tema que dá pra abordar vários bagulhos. Não que os outros sons clássicos não tenham temas abrangentes e tal, é mais pela questão de proximidade. Eu mesmo não tenho contato com ninguém do RZO, já com o Emicida e com o Rashid a gente já tem um contato, os caras conhecem o nossos trampos. A gente tem um corre, a gente já trampou junto...

Nego E: É uma coisa de geração também né... A nossa geração querendo ou não cresceu com esse Rap que a gente ouve agora, com os caras que a gente remixou. Exceto o AXL que é muito contemporâneo nosso. Os caras: Rashid, Emicida e Kamau, já são mais velhos, querendo ou não eles pegaram uma entre-safra diferente da nossa.

Murilo SDC: Não quer dizer que a gente não ouve a old school, né, mas a gente ouve porque a gente estuda, não é um bagulho que foi natural assim, cresceu ouvindo...

Nego E: É muito a questão de gosto. Talvez a gente tenha preferido involuntariamente remixar essas. Nenhum momento que a gente se reuniu pensamos em remixar o Racionais.

HelibrownAté mesmo por estilo, um exemplo: um rap que pra mim ele é clássico, tipo, RZO, “Pirituba”, é clássico, mas eu não me imagino rimando. Se eu pego aquele beat, mano é foda, é um trampo foda, mas eu não rimo no estilo. Já pegando a "E se" ou a "Avua Besouro" tem mais um pouco da cara do Rap que eu faço.

Samuel Porfirio: E além dessas homenagens aos nomes que inseriram vocês no rap, de repente assim, por inspiração, o que mais que o Coletivo Arte trás como show?

Helibrown: Trás muita diversificação. Já é uma proposta diferente, pois raramente você vê acontecer isso aqui no Brasil  e no rap na verdade. No rap raramente você vê um cara remixando um trampo de outro cara que também tá na mesma cena.

Murilo SDC: Remixando o cara pra carregar o trampo, não só remixar e soltar na net, o som que a gente faz tem esses remixes e a gente mistura com músicas solos.

Nego E: O Rap é muito ego pra caramba né mano, o cara escreve a sua letra, você não canta a letra que outro cara escreve, você não mexe no beat que o outro cara fez, é muito ego, é meu é meu e é meu. A gente tentou desmistificar isso falando: pow, se a gente admira o cara por que não fazer um som que o cara já fez, com uma outra visão, com uma outra forma.  O que a gente trás no show é muito do que a gente trás no CD, que são estilos diferentes, são praticamente caras da mesma idade, mas que rimam de formas completamente diferentes... Tem referências talvez parecidas, mas escrever mesmo sai tudo cada um no seu estilo. O show que a gente têm feito do Coletivo foram baseados só no cd, não em música solo. Mas hoje a gente vai inserir umas músicas solos.

Murilo SDC: Essa de a gente ser diferente até nos gostos, tem muita coisa em comum que a gente gosta. Acontece da gente chegar, tipo: “Mano, Nego E, fulano é foda”, e ele, “não, fulano não é foda”. E aí o Hellibrown a mesma coisa, e aí rola também esse conflito de gosto.

Nego E: Senão sairia tudo muito empacotadinho, também.

Murilo SDC: Então é por isso que dá certo desde quando a gente se junta, desde a primeira música fluiu dahora.

Samuel Porfirio: Eu particularmente acho muito louca essa iniciativa, eu acho que o Rap precisa se disseminar mesmo. A gente cresce ouvindo um som hoje, e a nova geração não vai ouvir porque de repente é gente que não conhecem... E os outros estilos crescem por conta disso, eu acho que deveriam ter mais mc's covers também, caras que têm só o flow mas não tem a capacidade de escrever ainda:

Nego E: Tem uns caras que estão fazendo um projeto, o Cecílio e o Adriano, não sei se eles levam nome de MC's, e se chama Projeto Réplica, pelo que eu soube eles estão fazendo essa parada. Tipo covers de rappers das antigas.

Murilo SDC: Eu mesmo quando estiver lançando o meu EP, que tá na metade do processo, eu tenho a ideia de cantar um som de um cara que eu sou muito fã, soltar a batida pra eu interpretar ela no show. Eu acompanho muito o samba, por exemplo, vejo DVD de samba, pra caralho, e rola muito isso, metade do repertório dele é música de outras pessoas. Não necessariamente eu vou fazer metade do meu show com músicas de outras pessoas. Por exemplo, uma música que eu gosto e é um clássico pra mim acho válido pra caralho.

Samuel Porfirio: A música tem origem mais necessariamente não precisa ficar naquilo pra sempre. Deixa um contato de vocês, um salve pro pessoal que frequenta o Reação Hip Hop aí:

Nego E: é www.atfproducoes.com  tem todos os links que direcionam os trabalhos solos e o nosso trabalho conjunto, e da Inter Preto Ação também, artefacto produções, pequena produtora, estamos crescendo.

Helibrown: Um salve pro pessoal do Reação que é uma iniciativa foda, militância musical também e resistência.

Murilo SDC: Um salve pro pessoal do Engrenagem Urbana, eu acompanho lá, várias entrevistas, várias iniciativas legais pra caralho, uma música diferenciada com banda, louco. E muito obrigado aí, estamos aí!

Samuel: Muito obrigado por vocês terem dado um salve aí, esse foi mais um rolê de ideia com Coletivo Arte, daqui a pouco tem os caras ao vivo no Reação Hip Hop, é nóis!

Edição/Retextualização: Aline Leão
Captação de áudio: Victor Goes (Dollyinho)
Apoio: Pelaarteazuera


As demais  fotos do show estão lá na página do Reação Hip Hop no Facebook. Acesse:














Majestic Bass, grupo do Ipiranga, deu as caras com toda a sintonia sonora por aqui. Quem esteve presente sentiu a vibe do som mesclado de toda referência musical boa! Pra sabermos um pouco mais sobre o grupo, rolou uma troca de ideia bacana conduzida por Samuel Porfirio. Vejam como foi:

Samuel Porfirio: Embarque em mais um Rolê de Ideia hoje com Majestic Bass. Diretamente do Ipiranga no Reação Hip Hop. Qualquer um de vocês pode responder. Eu quer saber como que é a visão de vocês  sobre tocar em um evento que tem a vertente do Hip Hop sendo que vocês não são uma banda de Hip Hop?

Samira (vocalista): Pra gente é uma oportunidade, tá aí a diversidade, a gente não coloca rótulos... a música está aí para ser divulgada e é isso que o Majestic Bass faz né? É pra divulgar pra todo mundo aí o nosso trabalho.

Carlos (guitarrista/produtor): Têm pessoas que gostam de todo tipo de música em qualquer lugar, então a gente não pode às vezes querer rotular uma coisa: “Ah, não é do Hip Hop, eu não vou”. A gente tá junto com todo mundo na verdade, pela música pela arte, por isso que pra gente é mais uma oportunidade, e estamos muito gratos de poder estarmos aqui.

Caio (Dj/produtor): Pra mim é o seguinte brother, tem música boa e música ruim, e aqui é lugar de música boa e nós estamos dentro.

Samuel Porfirio: Majestic vem de Majestade, né? E vi que vocês mexem numas obras grandiosas aí, de Tom Jobim, Marisa Monte, enfim. E essa majestade musical que vocês trazem pro palco aí, como é que é?

Caio (Dj/produtor): A gente tenta resgatar entendeu, velho, uma época boa da música brasileira pra molecada que hoje está por aí, pra pelo menos conhecer, pra pelo menos optar. Eu não vou dizer no sentido de música ruim ou música boa, mas eu acho que a boa música brasileira tem que estar por aí, e a gente tenta colocar no contexto meio de pista, meio de club, pra ficar mais universal e a molecada conhecer... a molecada que curte a night e tal.

Samuel Porfirio: Pra mim é super válido, é o que eu gosto de ouvir naturalmente, até gosto pra caramba daquele som de vocês, o “suficiente”, acho espetacular aquele som, obrigado por vocês virem até aqui. Curti demais esse som, e será a segunda vez que eu vou escutar o trampo ao vivo. O quê que o Majestic vai levar de referência para o Ipiranga de uma festa  de segunda-feira?

Carlos (guitarrista/produtor): Saber que existe todas a possibilidades, qualquer possibilidade pode ser explorada, e não há preconceito quanto  ao dia, quanto ao local, ao contrário, é uma satisfação enorme a gente estar aqui, pegar trânsito pra vir pra cá, mas não tem nada não! A gente tá fazendo uma boa música, a gente estaria fazendo isso em qualquer lugar que nos descem essa oportunidade. Estamos felizes de estarmos aqui.

Caio (Dj/produtor): Cara, o povo precisa de cultura, e a gente tá aí pro que der e vier. A periferia principalmente brother, de opções... que não existem né, cara. Eles também não querem que exista, eles não querem que você seja mais inteligente, eles não querem que você se informe, e a gente quer. Estamos dentro de qualquer boa iniciativa que tiver.

Samuel Porfirio:  A música é o nosso maior diálogo aqui, né? Bom, deixem um salve pro Reação Hip Hop, e contatos aí. O espaço é de vocês:

Carlos (guitarrista/produtor): a gente agradece muito! Contatos: facebook/majesicbass. A gente tá com um site pra ser lançado, então o facebook é onde estão reunidas todas as informações e vocês conseguem achar a gente facilmente.

Samira (vocalista): eu quero falar do disco também, que a gente tá lançando, vai lançar agora no começo de Junho, se Deus quiser, com 10 faixas inéditas, musica autoral e de qualidade.

Samuel Porfirio: Quem produziu o álbum?

Samira (vocal): os dois

Carlos (guitarrista/produtor):  terá alguns músicos convidados

Caio (Dj/produtor): um conjunto em conjunto (risos)

Samuel Porfirio: É essi que valoriza o trabalho independente mesmo, a mão na massa! Esse foi mais um Rolê de Ideia, com Majestic Bass diretamente do Ipiranga pra Itaquera, e suficientemente bom pra caralho! É nois, tamujunto!


Edição/Retextualização: Aline Leão
Captação de áudio: Victor Goes (Dollyinho)
Apoio: Pelaarteazuera


 As demais fotos estão lá na página do Reação Hip Hop no Facebook. Acesse: https://www.facebook.com/media/set/?set=a.1613954082162553.1073741852.1516131395278156&type=3




Pra conhecer um pouco mais sobre Ba Kimbuta, veja a edição do Rolê de Ideia. O músico que veicula por meio do canto e letra a causa racial e social tão imprescindível enquanto resistência, troca uma ideia rápida com a gente, se liga como foi:

Samuel Porfirio: Embarque num mais um Rolê de Ideia com Ba kimbuta, que já trás a africanidade no nome, e dentro desse tema eu já puxo a primeira ideia. Em tempos que as redes sociais e os grandes artistas simulam ou aderiram a oportunidade de lutar contra o racismo de uma forma meio estranha, o RAP vem sendo muito omisso em tema. Falar do tema como você trás nas suas músicas e no seu jeito, e até nas suas origens, te faz um solitário nessa terra aí?


Ba Kimbuta: Orra, às vezes sim mano, eu tenho certeza que ainda existem vários grupos na base, que discutem a questão racial, questão de gênero, tentam pensar essa sociedade e que papel a gente tem nessa sociedade. Mas são grupos que estão na base, são grupos que estão isolados, então talvez a mídia, e quem tá com mais acesso, passa desapercebido. Mesmo sendo preto, sofrendo as opressões, às vezes tem uma parcela na real, tanto do movimento quanto dos grupos ou pessoas autônomas, que parecem que não foram atingidos. E o racismo vem atingindo em várias esferas mesmo, escancaradamente ou ocultamente, que é uma das formas mais perversas que desenvolveu no Brasil. É isso aí. Às vezes solitário mais as vezes também potencializado, pois eu sei que na base tem os malucos preocupados com isso. Escrevendo sobre a questão racial, tentando entender também... Mas é isso. Tipo capoeira de angola, tá ligado? Só em alguns lugares que você vai achar aquela essência.

Samuel Porfirio: E o Ba kimbuta não vem só trazendo o tema racial. Pelo que eu acompanho vem com vários temas, até porque seu trampo se torna mais peculiar, vários seguimentos e referências. Pra quem tá assistindo o seu show hoje no Reação Hip Hop, o que o pessoal pode esperar?

Ba Kimbuta: A gente tenta trazer primeiro toda essa vivência que a gente tem dentro mesmo do hip hop e do movimento negro, e a ideia não é também só ficar dentro de uma temática. Então a gente mistura. É vivência mas também é se apropriar do conhecimento e ao mesmo tempo se apropriar da técnica, né meu? Quem for esperar a apresentação aí com a rapaziada é isso. Tentar ouvir uma música que dá pra entender, que dê pra degustar, mas sair minimamente perceptivo sobre o nosso papel até agora nessa realidade, o que é que a gente faz nessa terra, tá ligado? Com tanta coisas ao nosso redor, tanta coisa negativa também na forma como a gente vive, acho que é isso.

Samuel Porfirio: A pergunta que eu vou fazer agora é uma das perguntas mais comum que o ser humano pode fazer pro outro, só que se for de artistas, raramente eu tenho perguntado porque, só quando tem me chamado muita atenção.  Por que o nome Ba  Kimbuta?

Ba Kimbuta: teve uma época que o primeiro nome de registro era Luciano da Roda. E aí a gente vai entendendo o porque do nome e qual o significado do nome que a gente tem de registro e a gente vai ver que são vários nomes que foram dados e não tinham significados e identidade. E teve uma época que eu usava PretoBa. E aí nesse processo de resgate de identidade eu, numa pesquisa, descolei Kimbuta. E Kimbuta é a busca da maturidade, é nigeriano. Pra tá vivenciando uma parada num pais que segrega as pessoas, um pais que excluir as pessoas, num pais que não está preocupado com a humanidade das pessoas, é preciso muita maturidade e equilíbrio, né mano. E essa é a busca.

Samuel Porfirio: E é difícil mesmo o que eu te falei e é porque é verdade, raramente pergunto o significado do nome, só quando realmente me chama atenção, e isso é uma pergunta que eu já queria fazer há muito tempo, e calhou de fazer hoje aqui no Reação. Bom, a ideia é sempre bem positiva falar com um artista do seu gabarito, da sua importância, então deixa um salve aí pro pessoal do Reação Hip Hop, que vem toda segunda feira pra cá.

Ba KimbutaBom, vamos vir, vamos ocupar, os espaços da quebrada devem ser ocupados mesmo, e com certeza um espaço de qualidade, um espaço que proporciona literatura, conhecimento e música de qualidade, e que se preocupa com o que está ao redor, é isso que  a comunidade tá precisando, que as favelas estão precisando, não vamos esquecer que as favela vertical, também moro na favela vertical, CDHU do jardim primavera, Mauá, e é isso, a gente vai precisar movimentar porque o poder público infelizmente já esqueceu nós, tá ligado? Da hora, me sinto mó contemplado de estar na rua, e ver essa energia e ver essa mulherada, e todo mundo aí.

Samuel Porfirio: É muito loco, e se tivesse alguma dúvida, pela camisa que você está trajando hoje que é o do Tim Maia, que é o cara que eu mais admiro na música, já ganhou mesmo, valeu!  mó satisfação de estar apresentando o evento hoje e esse é mais um Rolê de Ideia com Samuel Porfirio e Ba kimbuta. Tamujunto família e até o próximo!



Edição/Retextualização: Aline Leão
Captação de áudio: Victor Goes (Dollyinho)
Apoio: Pelaarteazuera



As  fotos do show estão lá na página do Reação Hip Hop no Facebook. Acesse:  

A edição 05 do ROLÊ DE IDEIA propôs um breve papo com Jimmy Luv e RG do QI. Os dois se apresentaram numa só noite no Reação Hip Hop e estiveram com a gente fortalecendo a música em uma dessas segundas não tão remotas assim! Pra saber um pouco mais da visão desses manos, leia.  Eles falam pra gente, cada um com a sua visão, sobre os corres do independente e sobre a importância do movimento do qual fazemos parte nessa engrenagem cultural. 

* nessa edição do ROLÊ DE IDEIA as respostas e perguntas foram feitas via internet, através da rede social Facebook.










Samuel Porfirio: O mercado independente é a gente que faz, certo? Então como esquentar esse "Mercado" durante e pós-copa ?

Jimmy Luv: O mercado independente nunca vai deixar de existir, até porque é ele que está em evidência depois da decadência das gravadoras. Redes sociais que começaram com o Myspace e depois o Youtube, nos dão essa oportunidade de expor nosso trabalho pro mundo, sem barreiras. Mesmo artistas hoje em dia bem sucedidos como o Emicida e o Criolo, são artistas independentes. Independente de ter a Copa, esse mercado vai continuar igual o Brasil: lutando pra sobreviver num mundo cheio de injustiças e escasso de oportunidades.

Samuel Porfírio:Qual a importância de um evento como o Reação Hip Hop pra cultura?

Jimmy Luv: É de extrema importância ter eventos como esse acontecendo longe das regiões centrais da cidade. Com uma vibe positiva, organização, tendo um lugar legal, com um som bacana, rolando troca de informações e trazendo cultura onde o Estado faz pouco caso e só está presente na forma da polícia.

Samuel Porfirio: Contatos e salve pra galera que acompanha o site!

Jimmy Luv: Agradeço todo mundo que fortalece os nossos corres, porque o que fazemos não é nada fácil. 

Fazemos, antes de tudo, porque gostamos. Contatos é só acessar o   face/mcjimmyluv





Samuel Porfirio: O mercado independente é a gente que faz, certo? Então como esquentar esse "Mercado" durante e pós-copa ?


RG do QI: Pra movimentar a cena independente, já que não temos grana pra investir, a cota é se unir com pessoas que também têm interesse de mostrar seu trabalho, seja em que área da arte for. Fazendo parcerias todo mundo consegue divulgar o seu trampo sem gastar tanta grana, uma mão lava a outra. Agora a questão da copa, eu imagino que a mídia internacional tenha interesse de mostrar vários ângulos da cultura brasileira além do futebol, a música é sempre um destaque do nosso país, então pode existir uma oportunidade de expandir nosso trampo pra outros lugares que valorizam a música independente, é tudo questão de mostrar trabalhos de qualidade e originais. 

Samuel Porfírio:Qual a importância de um evento como o Reação Hip Hop pra cultura?


RG do QIUm evento como o Reação Hip Hop é importante demais porque dá um espaço dentro da quebrada pra nossa cultura. Todo nós sabemos que o rap hoje em dia tem muito menos aceitação na mente da rapa nas quebradas do que tinha há uns 10 anos atrás, então quando você estabelece um lugar num bairro de periferia em que a gente pode colar com os amigos, tomar uma breja bolar ideia, descontrair e tem um rap bom tocando, você está abrindo espaço novamente na cabeça da rapa. As pessoas estão perto de casa, com os amigos, sem gastar dinheiro e tem a chance de ver como o rap evoluiu, como tem novas opções, novos artistas e novas vertentes dentro do próprio rap. 

Samuel Porfirio: Contatos e salve pra galera que acompanha o site!

RG do QI: Um salve pra quem acompanha o trampo do Reação Hip Hop, quem comparece nos eventos, quem vê pela internet, a ideia é essa: ter um espaço pra gente curtir a nossa cultura e quem tem um bom trampo poder compartilhar com nossos irmãos e irmãs. Quem quiser conhecer mais do meu trampo, pode acessar a pagina www.facebook.com/RGdoQIoficial e também pode baixar meu EP chamado Abram Alas nesse link: www.tinyurl.com/AbramAlas

Edição/revisão: Aline Leão
Fotos: Victor Góes (dollynho)
Apoio: Pelaarteazuera


As fotos do evento estão lá na página do Reação Hip Hop no Facebook. Acesse: https: //www.facebook.com/media/set/?set=a.1599466570277971.1073741848.1516131395278156&type=3



Dessa vez o ROLÊ DE IDEIA recebeu Rocha, que recentemente lançou suas canções no álbum intitulado
 "Pra 5º categoria também ser 5 estrelas", trabalho que vem sendo muito bem recebido pela crítica. Nesse ROLÊ o papo com Rocha foi sobre cultura, funk, futuro, e como de costume, de Rap também. 

Samuel Porfirio: Estamos aqui nesse espaço, Reação Arte e Cultura, que é o fomento pra cultura mesmo, e você já é atuante na área e sabe como funciona. Como que você vê um evento, numa segunda feira e em um bairro dormitório, não benquisto pela comunidade no sentido das autoridades, no sentido de som? Até quando você vê que a gente vai ter esse problema com comunidade e cultura?

Rocha: Cara, eu acho que um evento aqui na COHAB II de segunda-feira é uma resistência cultural ao mesmo tempo trabalhando com a contracultura. Você olha pro bagulho e é até paradoxal.  Por exemplo, aqui deve ter aproximadamente umas trinta e cinco pessoas a quarenta, num dia que inclusive vocês como organizadores consideram como miado. Isso, em várias festas de rap, já seria o público, de sexta feira, até no sábado, no centro, pagando de 10 a 15 conto. Então isso aqui é de fato a resistência cultural.

Samuel Porfirio: Aproveitando um gancho aí com a ideia da resistência cultural, a gente vê hoje o funk muito mais próximo do rap, ou o rap muito mais próximo do funk. Não sei qual a sua visão quanto a isso, mas o rap precisava dessa evolução ou isso é apenas mais uma vertente que tá chegando junto pra somar com o rap, como você vê isso?

Rocha: acho que o funk é a música orgânica dos guetos brasileiros pelo menos numa visão sintética. O rap é a música dos pretos, favelados dos Estados Unidos e eles têm esse mesmo signo, que é a criminalidade, a ostentação e a putaria. Eu acho que os guetos absorvem esses valores do capitalismo dessa maneira, à nível mundial. Então eu acho que é isso. O rap não é criado pelo próprio povo brasileiro, não é música do brasileiro, eu tô de roupa larga, você tá de roupa larga, noiz é tribo, noiz é rap, tá ligado? O perfil da quebrada é cabelo coroinha, Oakley, Polo, meia alta, e então é tudo gueto também. Se o rap quiser ser ainda som de gueto tem que ter diálogo, tem que fazer essas alianças sem perder a postura, né mano.

Samuel Porfirio: O seu disco teve uma crítica muito boa, né? Foi recentemente lançado, ouvi as faixas, acompanhei as críticas pra saber como que as coisas estavam acontecendo pra você. Quais as expectativas que esse disco traz pra você daqui pra frente?

Rocha: se eu falar das minhas expectativas soa até deselegante, mas é o mundo! (risos) Noiz quer o mundo truta! Mas na verdade nós temos esse respeito, por exemplo, eu trampo com o Tico Pro. Tico pro é um maluco que tem um nível de produção, um nível de musicalidade absurdo. A gente falando pra quinta categoria também ser cinco estrelas, a gente quer que a música traga esse valor de troco pra gente poder fomentar mais cultura, ser rentável, ser ideológico, ser entretenimento, numa boa. Ainda tem trabalho pra esse ano ainda, parcerias... um trabalho bem conceitual.

Samuel Porfirio: Aqui na COHAB II, pra quem ainda não conhece o seu trabalho deixa um salve aí!     

Rocha: Salve! Rocha, aqui é alforria, é audácia. Estamos fazendo um trabalho aqui, se quiser ouvir nosso trampo, baixa! rochaoficial.com.br. Esse aqui é o Tico Pro, que corre comigo também, procurem conhecer.




As  fotos do show estão lá na página do Reação Hip Hop no Facebook. Acesse: 




Edição/revisão: Aline Leão
Captação de áudio: Victor Goes (Dollyinho)
Apoio: Pelaarteazuera




Não escapando do (bom) hábito, o ROLÊ DE IDEIA em sua 3º edição concede a palavra a Bruno CABRERO. Mano que veio dizer da importância de sair de casa quando o assunro é vivenciar a cultura nas quebradas. Além disso, fala também sobre o trampo que existe por trás das suas músicas, e a promessa de lançar nas ruas um trabalho que é fruto de muita expectativa. Veja só como foi:

Samuel Porfirio: A primeira pergunta vai ser sobre o Reação Hip Hop. A gente quer saber qual a visão do Cabrero, você que é da Zona Leste, sobre um movimento desse tamanho numa comunidade como Itaquera. Como você enxerga isso na sua quebrada toda segunda-feira?

Cabrero: O rolê cultural mano é sempre importante acontecer, tá ligado? Independente do dia, independente da hora, é isso aqui, mano! Passou a páscoa, estamos aqui na segunda feira, a galera está colando... Segunda-feira normalmente não tem nada, então você fica no ócio dentro de casa, mexendo no celular, falando na internet... Você vem no rolê e tem uns livros, tem música, você tromba os truta, troca uma ideia e a ideia vai fluindo. Isso aqui é de suma importância no gueto, tem que ter em todos os guetos.

Samuel Porfirio: E o Cabrero traz qual referência para o show de hoje?

Cabrero: Eu sou MC e produtor, e quando eu me submeti a me comprometer como produtor musical no gênero RAP, eu procurei escutar muito de música, navegando entre o RAP, o MPB, até alguma coisa de sertanejo, alguma coisa de choro, samba...  Então eu navego muito nessa onda, tá ligado? E trago toda essa mesclagem aí pro meu rap, eu tento trazer o máximo de poesia, de contexto poético, falando da quebrada, e desde que eu comecei eu tenho a tendência de ser pesado, né mano (risos) eu venho com todo peso possível.

Samuel Porfirio: E você como produtor? É você que está produzindo o seu disco?

Cabrero: Sim, vai sair o EP logo mais, no começo do ano que vem. Dia 11 de Julho vai ter o lançamento do meu primeiro single no Tupiniquim Bar, em Santo André, já com vídeo clipe. A gente está com uma grande expectativa pra esse trampo, estamos trampando pra carambra, tem mais de 10 anos que eu estou me planificando pra esse trampo acontecer, então mano eu venho com toda a responsabilidade do mundo pra esse bagulho, e no contexto da produção, eu me comprometi comigo mesmo a fazer as paradas com um máximo de qualidade possível, ter essa qualidade em todos os shows, por menor que seja a apresentação. Às vezes é na quebradinha  com a molecada, mas eu tento trazer o conteúdo que eu tenho, porque você acaba se tornando referência, e se a nossa referência é ruim, a nossa criança vai crescer com exemplo ruim e o Brasil não vai andar.

Samuel Porfirio: E enquanto a gente espera o nascimento desse filho, bom, o espaço é seu, você manda um salve pro Reação Hip Hop... deixa os contatos, e vamo que vamo!

Cabrero: Vamo! Salve a toda galera do Reação Hip Hop, é um enorme prazer, tá ligado? Satisfação mesmo. Contatos: facebook/brunocabrero; no soundcloud, no instagram. Meu email: brunocabrero@gmail.com, quer dizer, você digita Bruno Cabrero no Google e já aparece uma série de coisa, vamo que vamo! Tamo junto!

Samuel Porfirio: Esse foi mais um ROLÊ DE IDEIA, acompanhe a gente na próxima segunda feira, tamo junto, fui!


Edição/Revisão: Aline Leão
Captação de áudio e fotos: Victor Goes
Apoio: Pelaarteazuera


A 2º edição do ROLÊ DE IDEIA convida a MC BÊ O, uma mina que faz do Rap um lugar de denúncia e conscientização social com letras que ganham vida através de um vocal forte e lírico. Antes dela deixar a sua mensagem no palco nessa segunda de outono, ela compartilha aqui com a gente a sua visão sobre a conquista feminina no Rap e fala um pouco sobre o seu compromisso com o movimento:

Samuel Porfirio: Salve! Embarque em mais um Rolê de Ideia que hoje tem o prazer de receber MC BÊ O, da Zona Leste! BÊ O? Quanto tempo está no Rap?

Bê O: Estou aí há um pouquinho tempo né? Tenho 16 anos apenas, estou desde os 14. Sempre cantei, mas no rap mesmo comecei aos 14 cantando em evento de rap. Gravei meu primeiro EP com 15 anos.

Samuel Porfirio: Sobre o seu EP eu vi que ele tem um nome chamado "Boletim de Omissão", que faz referência ao modo de registrar ocorrências e tal. Você vê esse Brasil e essa famosa estrutura de Copa que prometem pra gente, só que aí você tem um caso de calamidade pública que é o falecimento do seu pai. Eu quero saber se é por conta disso que você hoje canta Rap?

Bê O: É complicado né? Copa não é para todos. É para um público seleto, e várias paradas vão acontecer e a gente tem que ficar ligado, pois a Batalha da Leste mesmo, o pessoal está querendo afastar lá do metrô Itaquera por causa do estádio que estão construindo ali. Então a gente sempre tem que ficar ligado, sempre em militância né?

Samuel Porfirio: Você começou com 14 anos, e hoje tem 16, e ainda tem muita coisa pra viver, e por que o Rap como vertente e voz sua?

Bê O: Acho que é uma coisa aí que não sou eu que escolho tá ligado? Acho que é intersecção divina, ele que me escolhe e eu assumo essa missão, assumo esse compromisso.

Samuel Porfirio: A parada ainda no Hip Hop ainda tem uma herança machista, que vem em pouco tempo sendo diluída, mas que ainda existe, e hoje temos com mais frequência a presença da MC mulher. Eu nem gosto de sacar a diferença entre MC homem e MC mulher, pois acaba entrando na clássica separação. Mas é um fato. O Hip Hop é formado aproximadamente 80% pelos homens, mas as mulheres vêm tendo o seu espaço brilhantemente. Você acha que o Rap hoje tem mais facilidade de inserir a mulher dentro do Hip Hop por conta de ter mais carreiras solos, porque antigamente tinham mais grupos...  ou porque é a mulher mesmo que vem a cada dia conquistando esse espaço?

Bê O: Acho que é uma questão de evolução com o tempo, ainda é muito machista. Em termos de gírias, por exemplo, quando eu me refiro ao homem vagabundo ele é visto como aquele cara à pampa, que chega e cola no Rap e é respeitado... E a mina vagabunda? Então, são umas coisas que ainda existem claramente. Mas eu acho que a mulher vem conquistando o seu espaço, têm muitas minas representando hoje, muita mina boa chegando aí no underground. O fato de eu estar aqui presente, vestindo a roupa que eu quero vestir sem precisar vestir uma roupa larga pra parecer homem pra colar...  Pois antigamente a mulher tinha que fazer isso: usar roupa larga pra poder colar e ganhar mais respeito.

Samuel Porfirio: A Bê O quer mudar esses vícios de linguagem?

Bê O: com certeza! Eu e várias minas que estão chegando aí.

Samuel Porfirio: Manda um salve pro pessoal do Reação Hip Hop, e mais os seus contatos!

Bê O: Um salve pra galera do Reação Hip Hop, evento bem louco aqui, muito obrigada pela oportunidade, eu sou do Pq São Lucas, Zona Leste, meu contato eu tenho no soundcloud/BêOrap e tenho no Facebook (facebook.com/BeOliveiraFerreira)

Edição/Revisão: Aline Leão
Captação de áudio: Kiko de Sousa
Apoio: Pelaarteazuera





O Reação Hip Hop chama pro ROLÊ DE IDEIA e fica sabendo um pouco mais das expectativas e referências dxs artistas que colam aqui. Quem inaugurou a primeira edição do Rolê na clássica segundona foi Eliefe! Antes de mandar a ideia cadenciada no mic no palco do Reação, ele compartilha com a gente a sua opinião acerca de assuntos como: ação social e hip hop, e nos dá uma prévia do que o seu trampo promete para esse ano de 2014. Quem chamou pro rolê foi Samuel Porfirio, o menestrel paulistano latino! Chega com noiz!


Samuel Porfírio: A gente quer saber como um evento desse tamanho, dessa atuação numa comunidade como a Cohab II representa pro Hip Hop brasileiro hoje?

Eliefe: É de fundamental importância esses centros, esse polos que a gente pode estar vindo curtir gratuitamente... disseminando aí, não só a ideia do Rap, o Hip Hop e os seus quatro elementos, mas entre outros. Sei que aqui na Casa tem uma programação grande, né? De educação, lazer, cultura e arte, e eu acho de fundamental importância esse espaço aqui, não só aqui pra Itaquera, mas pra São Paulo inteira.

Samuel Porfirio: E fazendo um giro aí por São Paulo, o que falta pra manter  espaços como esse com a força, com a atuação real, atuação política e social do Hip Hop, por exemplo, na sua visão?

Eliefe: Na minha visão, acredito primeiramente que falta um pouco mais de senso coletivo de pessoas interessadas mesmo em estarem fazendo esse tipo de evento, e pessoas interessadas em correr atrás um pouco mais...  Pessoas que tenham um pouco mais de apetite também de estarem chegando, mandando projetos, sabendo que já é seu por lei e por direito e você não corre atrás. Eu acho de fundamental importância. É o coletivo estar coeso nisso e também pessoas que tenham o interesse de estarem correndo atrás do que já é nosso por lei e por direito. Correndo atrás trabalhando sério pra gente conseguir estar viabilizando mais espaços desse daqui em demais locais.

Samuel Porfirio: Da hora. E o que o Eliefe traz como referência hoje pra esse show? Quem vai estar assistindo ao show do Eliefe o que vai estar recebendo nessa noite de segunda-feira maravilhosa?

Eliefe: Certo Samuel! Eu posso garantir que o Eliefe vai estar trazendo aí um show bem diversificado, com várias influências nos nossos beats, desde jazz a samba e ao rap, e o público que vai estar assistindo o meu show aí pode estar esperando um show bem dinâmico e com participações de peso da cena underground do Hip Hop nacional. É isso.

Samuel Porfirio: Pow, manda um salve, já aproveitando, para o pessoal do Reação Hip Hop, mandando um convite pra estarem toda segunda feira aqui colando com nós:

Eliefe: Certo. Espaço Reação, muito obrigado mais uma vez pelo convite sempre que solicitado estive aqui, e agradeço aí o respeito pelo meu trabalho. Eu agradeço aí a seriedade com a qual vocês fazem esse trabalho aqui cada dia desenvolvendo melhor.  E é justamente isso. Quero deixar um forte abraço aí para os colaboradores e fazer o convite: toda segunda tem batalha, eu sei que na casa na semana têm outras programações e eu peço que vocês acompanhem, entrem na página Reação Hip Hop, Pelaarteazuera, Engrenagem Urbana, entre outros, todo esse pessoal que faz esse evento estar acontecendo. E eu deixo um forte abraço, muito obrigado pelo respeito.

Samuel Porfirio: contatos do Eliefe:
Eliefe: Momentaneamente é pelo www.facebook/Eliefe, pelo www. soundcloud/Eliefe, www. hiphopnaquadra.com.br, e enfim, por enquanto é isso, estou trabalhando desde 2012 no meu primeiro CD, intitulado "Cotidiano", e acredito que pro final do ano ou no mais tardar 2015, ele já vai estar nas ruas.

Samuel Porfirio: Esse foi mais um, aliás, esse é o primeiro de muitos Rolê de Ideia, e recebeu o Eliefe! Reação Hip Hop, aqui quem fala é o Samuel Porfirio, como já foi dito, e nos vemos nos próximos, fui!


Edição/Revisão: Aline Leão
Captação de áudio: Victor Goes
Apoio: Pelaarteazuera




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