22 agosto, 2014

EDIÇÃO 14 - ROLÊ DE IDEIA COM: RICO DALASAM









Nessa 14º edição do ROLÊ DE IDEIA Samuel Porfirio entrevista Rico Dalasam. O rapper fala sobre as possibilidades do diverso que existe no seu som e na sua identidade artística e pessoal. Conta sobre suas referências e trampo. E fala da importância de se sentir livre nos espaços em que frequenta.

Samuel Porfírio: É por conta do nome que você disse que tem uma referência indiana, quero que você conte mais sobre o seu trabalho!

Rico Dalasam:  Ouço Rap há muito tempo, mas comecei a escrever com 13 anos de idade, depois disso eu segui escrevendo mas eu sempre tive um olhar meio diverso sobre o meu estilo de vida, sobre o jeito que eu caminhava. Eu sempre frequentei festas de Rap, mas eu sempre tive um olhar pra fora do meu bairro, pra fora da minha periferia. Isso sempre me atiçou de ir ao museu, de ir a lugares em que eu ia muito sozinho, pois a galera do bairro não se interessava, normal também disso acontecer. Dalasam é uma junção de letras que significam “Disponho Armas Libertárias a Sonhos Antes Mutilados”e tem uma sonoridade um pouco árabe, eu não sou árabe, sou de São Paulo, de imagem eu tenho muita referência de negros do Marrocos, do Sir Lanka, onde a gente se parece um pouco, tem esse nariz mais pontudo, e é uma identificação que eu tenho. Dalassam é um nome legal e que soa legal pra isso.

Samuel Porfírio: Mas você trás  como referência essa parte do mundo pra suas letras também ou só mesmo o nome?

Rico Dalasam: Cara,  nós pensamos num primeiro CD com muitas faixas, que chamaria: UMBAQ.SA,  no outro instante a gente precisou diminuir uma quantidade de músicas para um formato de EP chamado Modo diverso. Eu sempre vivi entre o Yin -Yang, nessa questão de morar na periferia e sempre consumir fora da periferia. Você vive num gueto, e pra você ser você, você vai no outro gueto, por exemplo: “você vive em Taboão da Serra, mas pra você ser você mesmo precisa ir pra outro canto, pra Vila Madalena, Jardins, Augusta, por conta de que lá se encontram pessoas que se identificam na mesma ideia, entende? Ai você não vive a discriminação do bairro, você foge dela, e vai pra um lugar que também cada um vem de suas periferias, se encontram lá pra viver as suas diversidades, tá ligado? Ai não tem como, o CD vem  cheio de idéias alternativas, de possibilidades novas dentro de quanto o Hip Hop cabe e cabe muito.

Samuel Porfírio: Locomoção de periferia, de universo, de infinito particular de cada um.  Qual a expectativa que a Cohab II, o Reação Hip Hop, trás pra você hoje, ao teu show?

Rico Dalasam:  O que eu acho de mais incrível de ter saído de um extremo, Taboão da Serra, pra outro extremo da cidade, é esse modo diverso que eu trago na minha performance, no meu modo de cantar, no meu modo de vestir, nas letras. Isso existe na periferia, mas não tem uma voz que coloque isso explicitamente, e quando eu canto numa casa da Augusta, eu sei que ali vai ter pessoas que já foram convidadas sabendo do que vai receber,  em questão de show, de musicalidade, e quando a gente vem pra cá ou no meu bairro ou em outra periferia, são ideias novas, é uma abertura de ideias, uma proposta de arejar as ideias com esse Rap que e faço, com esse modo diverso. Eu já vim aqui outra vez, não é a primeira vez, eu cantei duas músicas com o Tico, mas toda vez que vou numa periferia eu sei que estou levando uma ideia nova dentro da questão, dentro da pluralidade do Hip Hop, dentro do que já se vê do que temos ai nessa gama de artistas.

Samuel Porfírio: Pode crê, acredito que você  vai trazer uma linguagem diferente dos que já vieram pra cá também, estou até curioso pra ver o trampo. Então o espaço é teu pra deixar um salve pro pessoal do Hip Hop e os seus contatos:

Rico Dalasam:  Salve! Máximo respeito ao Augusto e ao Victor que está gravando, acho muito incrível existir toda essa iniciativa e cooperação de todo mundo. Bom, Rico Dalasam em todas as redes sociais, em breve no Itunes e em todas as lojas no business da musica. Muito obrigado, que a gente possa falar mais, conversar mais, trocar essa ideia e que esse modo diverso possa trazer liberdade pra um monte de gente que está enclausurada em seu mundo particular. 

Edição/Retextualização: Aline Leão
Captação de áudio: Victor Goes (Dollyinho)
Apoio: Pelaarteazuera









As demais  fotos do show estão lá na página do Reação Hip Hop no Facebook. Acesse:

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