Karol de Souza é de Curitiba, mas faz de São Paulo o seu reduto de trampo. A MC é uma das principais vozes femininas do Rap atualmente e esteve com a gente acompanhada do Dj Palazi e sua parceira do RJ, Taz Mureb. O ROLÊ de IDEIA na sua 13º edição conversou com Karol de Souza e ela nos contou um pouco sobre a cena Rap de Cuiabá, a visibilidade do movimento Rap para além das fronteiras e sobre o amor que nutre pelo ofício:
Samuel Porfirio: O Hip Hop cada vez mais está tendo uma presença feminina forte e isso é uma conquista de vocês, unicamente de vocês, exclusiva. Como é que você vê essa parada em Curitiba? O Rap feminino tem a mesma força que o Rap masculino e como o Rap feminino aqui em São Paulo?
Karol de Souza: Na real, o Rap
feminino em Curitiba tem até mais força do que o Rap feminino aqui em São Paulo.
Quem você conhece muito do som de Curitiba? Na minha cabeça vem três nomes. A Nathy
MC, que mora em São Paulo assim como eu há muito tempo, a Karol Conka e eu,
Karol de Souza. Os primeiros nomes que vem à cabeça quando se fala em Rap de
Curitiba somos nós três ainda. Tem outros meninos, o Cabes... Tem um
monte de gente lá. Mas por ser uma cidade tão menor do que São Paulo e ter três
meninas completamente ativas, vivendo de Rap, fazendo só isso da vida, acho que
é muito. São Paulo deve ter o triplo disso mas é uma cidade maior.
Samuel Porfirio: E uma cena como
o Reação Hip Hop, que é um fomento à cultura, como é que você enxerga essa
parada?
Karol de Souza: Eu enxergo de uma
maneira ótima, acho necessário. E eu até reclamo porque as pessoas não me
chamam pra cantar nas periferias. Não sei se eu tenho cara de metida, não sei o
que é. Toda vez que me chamam eu vou. Porque eu acho fundamental esse tipo
de coisa, quando tem livro, quando tem sarau envolvido, quando você pode trazer
a sua mãe... Às vezes eu levo a minha mãe nos lugares... Acho que a função do
Rap é justamente isso, ir onde eu tenho que ir, falar o que eu tenho que falar,
é falar com quem quer me ouvir. E isso não
se define só à Rua Augusta ou ao centro da cidade. Eu acho lindo, tanto que eu
vim e trouxe dois amigos comigo. Eu e uma MC do Rio de Janeiro. Sabendo que ela
estava aqui eu chamei “vamos lá comigo?!”. Podia ser em qualquer lugar, podia
ser no Capão Redondo ou aqui, sempre vou. Acho o máximo.
Samuel Porfirio: Conheci o seu
trabalho no CCJ, dois ou três anos atrás, e me chamou atenção até uma música
que fala sobre fazer aquilo que ama e tal, e foi um trabalho que me chamou
muita atenção na ocasião. O que o seu show trás hoje pro Reação Hip Hop, quais
as referências?
Karol de Souza: Ainda trás “Pro
que eu maizamo”. Nos meus shows normalmente eu trago todas as músicas que eu já
fiz dependendo do tempo que eu tenho. Mas essa é uma das principais músicas
minhas, a minha terceira música. Eu continuo nesse mesmo propósito fazendo
aquilo que eu mais amo, que é Rap. Por mais que eu precise arrumar um trampo
pra comer, pra ter dinheiro, o Rap nem sempre me dá tudo que eu preciso de
dinheiro ou o que eu mereço, eu e todos os demais talentosos que merecem, mas
ele me sustenta viva, me sustenta feliz, me sustenta bem assim. Toda vez que eu
subo no palco eu tento me entregar de coração fazendo aquilo que eu mais amo. É
uma necessidade pra mim.
Samuel Porfirio: Não sendo do
eixo Rio – São Paulo você acha que dificulta ainda mais a sua aparição na mídia
ou dentro do próprio movimento?
Karol de Souza: Não, não. Acho
que já foi esse tempo aí. E até um cara que está aqui, que é o Don L, o cara é do
Ceará e é a prova de que se o seu Rap é massa ele vai chegar onde ele tem que
chegar. São Paulo é o lugar que mais tem público do Rap. Não é porque é a maior
cidade, é porque realmente aqui você vê muita gente do Rap. Na minha cidade não
tem tanto, mas ainda tem uma cena bacana e digna. Acho que já foi esse época
aí, eu escolhi morar aqui, porque se eu morasse só em Curitiba eu sei que a
grana não seria suficiente pra eu viver assim, e eu quero viver, eu quero fazer disso o meu trabalho mesmo! Que pague todas as minhas contas, minha luz, minha
água, me vista, que eu consiga ajudar minha família, entre todas outras coisas.
E morar em São Paulo é uma necessidade por conta disso. Eu acho que essa parada
do eixo já foi. Funciona muito pra televisão, mas pra música não. Você pode
participar de uma tribo, que nem os meninos lá do Mato Grosso que estão aí
fazendo Rap que chegou pra mim.
Samuel Porfirio: E é louvável
aquele que se dedica ao seu sonho e abdica de qualquer outro trampo pra viver.
Eu tô vivendo essa parada também e eu sei
o que é. É prazeroso demais... Deixa aí um salve pro Reação Hip Hop, os seus
contatos, esse espaço é seu:
Edição/Retextualização: Aline Leão
Captação de áudio: Victor Goes (Dollyinho)
As demais fotos do show estão lá na página do Reação Hip Hop no Facebook. Acesse:
Representa
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