24 julho, 2014

EDIÇÃO 10 - ROLÊ DE IDEIA COM: MAMUTI ZERO ONZE




















A 10º edição do ROLÊ DE IDEIA chega com uma conversa bem bacana com Mamuti Zero Onze.  Paulistano convicto,  Mamuti desenvolve um importantíssimo trabalho na divulgação e manutenção do Hip Hop através do festival Reviva Rap, coordenado junto com a sua equipe. Aqui ele conta um pouco sobre seu corre na cultura e dá a sua opinião sobre como manter os eventos culturais na quebrada. Além disso, nos conta sobre a sua identidade musical no Rap!


Samuel Porfirio: Embarque em mais um Rolê de Ideia, hoje com Mamuti  Zero Onze diretamente da zona norte. Mamuti  Zero Onze é um dos precursores do Festival Reviva Rap, que é um dos únicos festivais de rap em São Paulo que eu conheço, particularmente. E sabe da importância do fomento à cultura. Como é que você vê o movimento como o Reação Hip Hop toda segunda-feira trazendo estilos diferentes à comunidade?

Mamuti Zero Onze: É parte do que a gente acredita essa parada de reviver o Rap. De ter pontos culturais na quebrada onde as coisas aconteçam sempre, porque mais que oficina, as pessoas precisam ter um ponto pra se encontrar e discutir a cultura e ver a cultura acontecer. Só assim que a gente consegue construir público e que esse público seja multiplicador e que essa cultura acabe se expandindo. Só de oficina não vive uma cultura, a gente estava muito preso nisso: “vamos fazer oficina!”. E você botava lá na escola:  Oficina. Mas ninguém sabia o que era. Ninguém viu! Ninguém vai se atrair por aquilo. E quando você tem um evento que acontece toda a semana que tem uma atração que reúne as pessoas, que tem essa parte de união do Hip Hop, de celebração, você atrai as pessoas, pois elas vêem aquilo que você está tentando passar na oficina.  E se alguma vez você chegar com uma oficina pra poder profissionalizar uma pessoa ou então só pra pessoa conhecer mais sobre um elemento ou outro, ela vai saber do que você está falando, porque ela viu. Ela vai ter uma imagem diferente. Se disser pra ela fazer uma oficina na sala de aula você já tem aquela ideia de escola: “ah, é chato!”. Mas sabendo do que ocorre aqui, ao fazer uma oficina ela já pensa: “Segunda eu posso estar lá”. É um bagulho que é necessário e é o que mantém a cultura Hip Hop viva do jeito que a gente gosta dela.

Samuel Porfirio: E nessa construção de público, não só o Reação Hip Hop, mas como qualquer outro evento, tem um declínio e uma oscilação muito grande de público, varia bastante. Por exemplo, hoje a gente está em um bairro bastante conhecido por sediar a Copa do Mundo, um evento mundial,  e temos um evento que já vem sendo construído, que é semanal e consolidado semanalmente e ainda oscila o público. Como a gente consegue, na sua visão, reformar a cabeça do público de estar frequentando e da importância de ocupar esses espaços?

Mamuti Zero Onze: Acho que é mesmo com essa parte da ocupação semanal e insistir, porque senão as pessoas vão achar que é uma parada de temporada. A gente tem como exemplo a Batalha do metrô Santa Cruz, mas até o terceiro ou quarto ano chegava o mês de Junho, que era o mês das quermesses, a Batalha tinha que tirar férias pois não tinha ninguém, véio! Se tem quermesse na quebrada, você vai sair da quebrada pra ir à porta do metrô?

Samuel Porfirio: Que bom que tem quermesse ainda lá, né?

Mamuti Zero Onze: Tá ligado... As pessoas vão entender que aquilo lá vai estar lá sempre. Tem quermesse tem, mas vai ter Santa Cruz...  e gente que não gosta de quermesse vai começar a colar! E vai miar um pouco o público por conta de um evento e outro, vai! É inevitável. Mas não é o que vai levar a morte do lugar. Oscila? O importante é manter. Se você mantém o bagulho vai, às vezes com um pouco de gente, às vezes com mais gente. Mantendo o bagulho vira calendário das pessoas. Insistir sempre vai fazer com que as pessoas frequentem bastante, você nunca vai ter um super público, mas você vai ter sempre um público cativo. Outro exemplo é o Reduto do Rap, que é lá na Freguesia e agora voltou pra Pirituba, vai ser lá na facul agora. No começo não tinha ninguém, tinha um pessoal que queria ver o grupo.  Agora você vai lá no Reduto é sempre as mesmas pessoas, tem um público cativo lá. E esse pessoal sempre traz alguém. 

Samuel Porfirio: Falando de música agora, quem ta com você, quem produziu, quem sobre no palco com você, quem trabalha contigo nessa caminhada? E o que é que o Mamuti vai trazer nesse show de hoje?

Mamuti Zero Onze: O show de hoje é o show que a gente sempre faz. Eu estava doente ano passado, não estava conseguindo respirar direito, tudo isso me desanimou, eu parei de fazer show e a gente estava trabalhando com outras coisas. A gente acabou não fazendo música nova. A gente tem pouca novidade em questão musical, mas no palco sempre tem o Yuri e alguns outros amigos que eu trago quando eles têm agenda pra fazer um som, e também porque eu gosto de bagunça, eu gosto do palco cheio. E no dia-a-dia além do Yuri que produz tudo, ele pode não fazer algumas batidas, mas em questão de produção ele faz tudo. Eu solto algumas batidas na mão dele e digo “faz, fi...” rs. Tem o Du que faz tudo. Du me ajuda a carregar peso e me ajuda a contar dinheiro quando tem (risos). É tudo. E tem o pessoal dos outros coletivos que são dos outros coletivos...

Samuel Porfirio: E musicalmente o que é que vocês trazem pro show?

Mamuti Zero Onze: Rap.  Eu faço Rap porque eu vivo. E quando escrevi a maioria das músicas do meu repertório eu estava vivendo a cidade. Então, até por isso eu levo o nome de Mamuti Zero Onze. Eu falo muito de São Paulo... O pessoal deve até falar: “puta, que chato!”. Mas é o que eu vivo. Eu vivo a cidade 24 horas por dia.  E é isso, eu estava vivendo a cidade 24 horas por dia e sete dias por semana, e eu escrevi sobre a cidade do jeito que eu estava vendo a cidade. Falo um pouco da zona oeste, do que eu cresci ouvindo, eu falo um pouco de sonhos, situações que eu já vivi na cidade.

Samuel Porfirio: Referência total à vida!

Mamuti Zero Onze: Meu dia-a-dia na cidade! Eu não podia ter outro nome: Mamuti Zero Onze. Poderiam me chamar de MC paulistano que estava certo, cara!

Samuel Porfirio: Bom, deixa um salve aí pro pessoal que frequenta o Reação Hip Hop, o seu contato!


Mamuti Zero Onze: Salve, Reação Hip Hop! Quem veio e quem não veio, quem não veio venha nas próximas... Não precisa vir pra ver o Mamuti não, venha pelo lugar, venha pelas as pessoas, venha pela atração, venha pela boa música, venha por tudo o que você encontra aqui, esse ambiente  de celebração da cultura Hip Hop, certo! Contatos é só procurar Mamuti Zero Onze na internet, Facebook, vocês vão achar nós em todo lugar! 

Edição/Retextualização: Aline Leão
Captação de áudio: Victor Goes (Dollyinho)
Apoio: Pelaarteazuera









As demais  fotos do show estão lá na página do Reação Hip Hop no Facebook. Acesse: https://www.facebook.com/media/set/?set=a.1624260884465206.1073741854.1516131395278156&type=3

Nenhum comentário:

Postar um comentário